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Bem Estar, Cotidiano
24 jul 2020, 83 comentários

Ser Ou Não Ser Vegetariano?

Aposto que estão lendo este título com estranheza, afinal eu nunca falei sobre isso e vivo comendo carne.

Sim, sou carnívora, adoro um churrasco e ao mesmo tempo AMO AMO AMO os animais. Contraditório, eu sei, e nem sei explicar se o fato de eu comer carne é vergonhoso e incompreensível ou não diante do meu amor pelos bichos. Sério, não sei me defender.

Mas bem, o Leo, meu marido, virou vegetariano. Já tem alguns meses e no começo eu falava: “mas você nem gosta de cachorro!” e não é que ele NÃO GOSTE de cachorro, é que ele nunca teve um na vida e não sabe como lidar com esse amor que a gente sente por eles e que nos faz tratar como se fossem pessoas da família. Leo nunca me forçou a virar vegetariana e eu nunca o forcei a voltar a comer carne, é questão de respeito mútuo mesmo.

Mas bem, esses dias ele me chamou e disse: “escrevi o motivo de ter virado vegetariano, queria que você lesse.” E eu li, e achei tão interessante que resolvi publicar para vocês.

Vem com a gente:

“Nunca tive cachorros ou gatos ou muita proximidade com animais. Quando criança, meu pai tinha alguns passarinhos, mas fora disso, meu contato com animais sempre foi distante.

Esse é um dos principais enganos quando me perguntam porque virei vegetariano. “É porque gosta de animais?

Outra coisa que supõem de forma errada tem a ver com questões espirituais. “Você é espírita ou segue alguma religião que obriga a não consumir carne?” A resposta é não. 

Embora eu tenha um interesse e procure um caminho espiritual, não é por este motivo.

Então, porque me tornei vegetariano?

Para entender isto, dois pontos são fundamentais.

Primeiramente, embora não tenha animais de criação, tem sido muito marcante perceber o carinho intenso e a relação de verdadeira amizade que diversos amigos, parentes e até minha própria esposa Cony, tem com seus animais de estimação.

Para muita gente, o animal de estimação chega a ser uma pessoa da família. Muitas pessoas tem uma relação tão terna com animais, que chega a ser uma prioridade cuidar deles, mais até do que de outros seres humanos. 

Isto tudo pra dizer que esse carinho com os animais é muito marcante e, embora não tenha um bicho de estimação, entendo perfeitamente o tanto que esses animais são queridos e acrescentam na vida das pessoas. Eles são capazes de demonstrar carinho, tem uma relação com seus donos que é inviolável como no caso dos cães, e tem sentimentos que, poderíamos dizer, remetem a emoções humanas, como alegria, dor, prazer.

Obviamente, os animais de estimação, como gatos, cachorros, etc, não são comidos, mas o que os diferencia de um bovino, um suíno, um leitão, ou outros animais que estão na cadeia alimentar humana? Tais animais também tem vida e sensibilidades. Também nascem com instinto a vida. É nosso direito tirar a vida deles? Temos essa possibilidade, mas eticamente é o melhor a ser feito?

Em segundo lugar, gostaria de contar minha experiência com a alimentação em si. Fiz um caminho que foi até mesmo natural, de reduzir o consumo de carnes, quando nem pensava em ser vegetariano ainda.

Comecei, naturalmente, a enriquecer meu prato com outros sabores. Comecei a acostumar e até curtir alimentos que nunca havia gostado. 

Ë curioso como nosso paladar se adapta e convido a todos para experimentar aos poucos novos gostos. É lógico que ao provar um brócolis, ou uma baroa, ou um repolho, pela primeira vez, a experiência não foi agradável para mim. Mas aos poucos, parece que o paladar acostuma, e alguns desses alimentos estão entre meus preferidos hoje em dia.

E com essa redução de carne, meio que sem querer, comecei a me sentir mais leve, com uma digestão menos pesada, com menos peso no estômago e gazes intestinais, o que foi positivo. Além disso, tem impacto nos níveis de colesterol, tive mais facilidade de manter peso, etc.

Do ponto de vista nutricional, é interessante saber que é plenamente possível substituir as carnes de forma muito eficiente com diversos alimentos como as leguminosas como feijão, lentilhas, grão de bico e ervilha e também produtos de origem animal mas que não são carnes, como ovos e queijos. Algumas colheres de feijão já substituem um bife, em termos de proteínas. A vitamina B12 é a mais complicada de ser substituída, mas uma vez que não me tornei vegano, ovos e queijos continuam na minha dieta e são fontes muito boas dessa vitamina.

Dessa forma, porque matar animais para matar a fome, se existem alimentos que substituem a carne plenamente?

Sabemos que a indústria da carne é também muito poluente e que desmata nossas florestas e degrada diversos recursos naturais. 

Enfim, esse assunto é muito mais amplo e tem diversos pontos de vista que não deu tempo de abordar.

Respeito quem consome carne mas existem boas razões para mudarmos nossos hábitos e fazermos escolhas em nossas vidas. Viemos ao mundo para aprendermos a viver e evoluirmos como seres humanos, e porque não fazer novas escolhas?”

  • Dá uma bela chacoalhada no cérebro né? Não sei se prefiro continuar fazendo “vista grossa”, se aprendo a defender o meu não vegetarianismo, ou se faço um mea culpa e assumo ser um ser não tão bom por gostar de comer carne. O que vocês acham?