Comportamento
Cotidiano
28 jan 2015, 97 comentários

O Que Você Vai Aprender Este Ano?

Tava voltando pra casa, agorinha mesmo, dirigindo nessa estrada sem fim (eita drama rs) e pensando, pensando, pensando…

Pensei no tanto de coisas que ainda quero aprender. Sim, coisas novas, afinal o que é a vida se não um eterno aprendizado? E se a gente pode direcionar esse aprendizado (e não somente tirar lições em momentos de tristezas ou tragédias) por que não se aventurar em algo diferente?

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Daí lembrei que fiz uma aula de pole dance dia desses (lembram do post que fiz ano passado e da minha vontade de fazer?). Achei TÃO difícil, mas tão desafiador que quero provar para mim mesma que sou capaz de fazer todas aquelas peripécias humanamente impossíveis aos meus olhos. Ainda não voltei na aula pois não tive tempo, mas está na lista das coisas novas a fazer em 2015.

Outra coisa que sempre quis aprender é tocar um instrumento musical. Pensei em violão (até tenho um!), mas tenho os dedos duros de tanto digitar. Gaita seria uma opção bem legal e é uma possibilidade. Mas meio que cismei sabem com o que? Pandeiro! hahaha, tipo Ana Carolina sabe? Acho o máximo! Bateria também me agrada… ou guitarra, mas novamente os dedos duros me impedem.

Queria saber falar francês. Ou italiano.

Queria saber andar de skate. Ou reaprender a andar de patins.

Queria fazer um curso sobre a história da moda. E um de vinhos.

Queria entender mais de arte, saber diferenciar um pintor, saber a que época pertence uma tela.

Queria aprender a mergulhar (e essa vontade tem prazo de um mês para se concretizar).

Queria saber diferenciar tecidos e a finalidade deles.

Queria aprender a mexer na minha camera fotográfica nova e fazer belas fotos…

E o que nos separa de tanto “querer”???

NADA.

Só levantar e ir atrás do que se tem vontade. Porque o pandeiro não vai cair na minha cabeça e eu vou tocar um samba na hora e nem Van Gogh (ou Munch?) virá aqui me explicar o tal do grito. Por enquanto consigo explicar a origem de um vinho Carmenere e fazer bonito numa roda de amigos. Mas ah… a vida é tão maior do que isso… Aprender faz a gente crescer, amplia a mente, desenvolve sensações e aguça sentimentos. Além de manter a cabeça ocupada, nos livrar de maus pensamentos e desperdiçar nosso precioso tempo com bobagens ou coisas que não acrescentam.

  • E você? Tem vontade de aprender o quê?
Comportamento
Cotidiano
20 jun 2014, 91 comentários

Para Pensar

Hoje o seguinte texto foi compartilhado no Facebook e me vi em várias partes dele. Acredito que várias de vocês também irão se reconhecer.

¨Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos: Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá. Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda. Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar. Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.

Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta.

O fato é que eu venho pensando nisso. Na incrível dissonância entre a criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa da maioria dos meninos, jovens homens,  homens e velhos homens.

O que nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós?

Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da minha mãe brilhar como as provas com notas 10. Os dias em que me arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado. Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia meus pais acharam bacana. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos.

Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um lagarto. Não nos chamaram pra trocar fralda de um priminho. Não nos explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.

Mas nos ensinaram esportes. Nos fizeram aprender inglês. Aprender a dirigir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a investir nosso dinheiro.  Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.

Mas, escuta, alguém  lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?

Aí, a gente, com nossa camisa social que amassou no fim do dia, nossa bolsa pesada, celular apitando os 26 novos e-mails, amigas nos esperando para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã, se pergunta “que raio de cara vai me querer?”.

“Talvez se eu fosse mais delicada… Não falasse palavrão. Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar cuecas. Talvez…”

Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a lado, de igual pra igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione nossa rotina.

O fato é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a nos fazer querer pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é nossa forma de pedir colo? E que às vezes nós vamos precisar do seu colo e às vezes só vamos querer companhia pra um vinho? Que somos a geração da parceria e não da dependência?

E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. A culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família.

No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para frente. Nós já nos abrimos pra ganhar o mundo. Agora é o mundo tem que se virar pra ganhar a gente de volta.¨

Ui, firme, direto e claro. Como a nossa geração. E traduziu perfeitamente o que eu conversava com uma amiga um dia desses: os caras procuram por uma menina fragilzinha, que seja doce, meiga, que tenha que ser levada em casa, que se encante com cada jantar chique ou viagem que um homem pague para ela. Mas nós, felizmente ou infelizmente, já rodamos o mundo e sabemos chegar em casa sozinhas. E isso assusta a grande maioria masculina, que diz admirar mulheres assim mas não tem o menor tato para lidar com essa geração. O ¨problema¨é que nós sabemos que a melhor cia sempre será a nossa e que estar sozinha nem sempre é sinônimo de infelicidade. Pelo contrário, às vezes é até melhor, bem melhor.

Texto da Ruth Manus publicado hoje no Estadão.