Comportamento
28 jul 2015, 182 comentários

A Delícia do Auto Descobrimento

Hoje acordei querendo conversar e daqui a uns dias voltarei a falar sobre isso mas resolvi me adiantar um pouco. Para quem não sabe, estou na Europa, hoje precisamente em Barcelona e amanhã provavelmente em outro lugar.

Poxa, mas a Constanza ficou maluca? A viagem não era só pra Milão pra fazer o curso no Marangoni e depois voltar? Sim, era.

viajar sozinha

Muita coisa aconteceu nos últimos meses (suas curiosas, sei que vão me perguntar com palavras claras: o namoro acabou repentinamente em meio a milhões de planos em conjunto, projetos de vida e sonhos por incompatibilidade de burros – porque se fosse de gênios teria dado pra resolver) e me vi prestes a embarcar para a Itália no meio de um caos emocional e também a ansiedade de realizar um sonho, que era fazer o curso. E eu não sou mulher de desistir dos meus sonhos, nunca fui e sempre fui atrás do que me faz FELIZ, independente do que se passa ao meu redor. Sou do tipo de pessoa que tem desejos cautelosos pois sei que eles podem se realizar a qualquer momento e assim foi como tudo sempre aconteceu pra mim. Não me conformo com pouco, com o morno, com o meio termo. Sou viva demais, intensa demais, de verdade demais para viver o ¨mais ou menos¨ ou apenas para o Facebook ver.

Enfim, mala pronta, Milão na mira e uma pessoa internamente “perdida”. Quando a gente se relaciona com alguem é normal deixar um pouco do que somos de lado e passar a ser um pouco do outro também. O problema aparece quando a gente começa a viver mais do outro do que da gente. E não só em relacionamentos amorosos, mas em amizades (quantas vezes vestimos o “uniforme” da galera e passamos a agir como eles para fazer parte da turma?), no trabalho (vivemos para trabalhar e largamos nossa vida de lado, deixamos que os problemas nos consumam) e até mesmo na família, quando nos tornamos o que eles querem que sejamos.

E assim me vi, uma Constanza pela metade que achava que não sabia mais caminhar com as próprias pernas, um bocado insegura e indecisa, afinal, eu já não era mais uma pessoa ¨única¨, era formada por duas pessoas e de repente uma parte me faltava. Dá aquela angústia e vazio de perder um bocado do chão, apesar de saber que ele sempre esteve lá e que antes eu sambava e dava piruetas sem medo. E do que eu precisava no momento? Voltar a minha essência.

Ah, fácil.

Não, não é fácil. É bem difícil pois o fantasminha da insegurança vai mapeando todos seus passos e por mais que a gente se segure e pise firme, ainda mantemos o costume de olhar pra trás e ver se estamos fazendo tudo certo, procurando um tipo de aprovação. E sabe o que gente precisa nesse momento? Coragem para se virar sozinha e assumir as consequências de nossas escolhas!

E uma das formas de procurar essa coragem é uma viagem sozinha, de preferência para bem longe, para um lugar que te desafie (seja pelo idioma, localização, cultura) onde você será sua companhia e a única responsável pelas suas decisões. É o momento de retomar a vida e voltar a andar com as próprias pernas.

Eu fui para a Itália, fiz meu curso e tudo conspirou de uma maneira que não poderia ser mais perfeita. Cheguei triste e fui tão bem recebida pelas meninas do apartamento que fiquei que não teve lugar nem tempo para fossa. Imagina, receber flores, um abraço coletivo e um ¨somos sua família aqui na Itália¨? Foram ANJOS que apareceram para mim! Foi nessa vibe que as coisas começaram a mudar na minha cabeça. E parou por aí? Não… A turma do curso era incrível e em pouquíssimo tempo estávamos super unidos. Não teve um dia sequer que ia pra casa direto após as aulas. Sempre, mas sempre íamos para um aperitivo, conversar, rir e claro, tomar muito Spritz. Só isso? Não… apareceram oportunidades de viagens e fiz amizades que me acompanharam na Toscana, Veneza, Lago di Como… Opa, mas eu não estava viajando sozinha? Sim, mas a vida coloca pessoas – chamo de anjos – em nosso caminho e cabe a nós abrir portas para permitir que elas façam parte da aventura e nos ensinem coisas diferente.

Acabou o curso, momento de voltar… Mas eu não estava pronta para o Brasil, já estava na Europa, nada me prendendo, ninguém me esperando, nada pendente. E convenhamos, viajar na Europa é muito barato. E quando você muda a vibração da sua vida e começa a aceitar novidades, elas aparecem. Recebi um convite para conhecer a Holanda, e lá fui eu. Fiquei na casa de uma moça que conheci num carnaval e que é de um coração tão bom, de uma energia tão pura que a sintonia foi imediata. Sou uma pessoa de SIM e quero provar tudo o que aparecer na frente. Ir para Amsterdam foi maravilhoso e queria ficar mais mas… um amigo que mora na Espanha me perguntou se não passaria na casa dele. Amigo esse que trabalhou comigo nos USA 10 anos atrás e que eu tinha como irmão mais novo. Logo pensei: porque não? A passagem é barata! E pronto, cá estou eu em Barcelona, na casa dele e como se nunca tivéssemos ficado tanto tempo sem nos ver. Eu cultivo amizades e sou sortuda por conhecer pessoas pelo mundo inteiro. Sou super fácil de lidar, odeio complicar as coisas e adoro boas cias. E quando a gente é assim, quando a gente emana coisas boas, é transparente, trata as pessoas com carinho, respeito, quando se é verdadeira e se comporta com bom senso, você sempre será bem vinda na vida e na casa dos amigos. E não vou contar mais porque teremos muita história ainda, mas o que queria dizer é que viajar sozinha, reencontrar pessoas queridas, fazer novas amizades, caminhar na rua sem pressa, sem destino e sem cobranças é o melhor caminho para a gente se reencontrar. E é nesse momento que estou, olhando pra mim e vendo como sou uma pessoa incrível, agradável, inteligente, como consigo me virar sozinha (porque os amigos trabalham e a gente fica por conta o dia todo), consigo me comunicar, falar de vários assuntos em vários países e em vários idiomas (ou mímica rs), consigo sentar sozinha numa mesa de bar e conversar com o pessoal da mesa ao lado, ser interessante para o carinha que também está viajando sozinho e quer jogar conversa fora sem compromisso, ser simpática com todo mundo, sorrir e dar bom dia para quem cruzar o caminho, pegar um ônibus qualquer e dar uma volta para conhecer a cidade, trocar olhares e paquerar e sair com aquele sorriso de satisfação… Tudo isso nos fortalece como pessoa e nos prepara para o mundo. Mas a melhor parte é retomar a sua essência, é te despir da alma velha, cansada, viciada e dependente e vestir uma nova. É como um banho interno, onde você consegue mandar pro ralo tudo aquilo que não era seu e agora sim conseguir se olhar no espelho e se amar pela pessoa que é. É acordar de manhã e pensar: tenho o dia cheio, mas cheio de mim mesma e vou fazer o que me der vontade. E isso minha amiga, te torna a mulher mais interessante do mundo. Não existe melhor coisa que conhecer uma pessoa e ela falar: Gostei da sua essência. Esse é o objetivo! Se você é interessante e admirada por você mesma, o mundo se rende à você e passa a te admirar também.

Tome seu tempo. Se está achando que está se perdendo, deixando sua essência de lado, pare um pouco e se analise. A pior coisa que pode acontecer na vida de uma mulher é ela deixar de ser quem é e perder o que a tornava interessante e viva. A vida dá rasteiras e numa dessas a gente cai, tenta levantar e vê que não sabe mais viver a própria vida. Se isso acontecer, força, coragem, atitude e braço forte para voltar a ser uma pessoa única. E acreditem, nada que uma viagem sozinha não resolva! ¨Se perder às vezes é se achar¨.

  • E quando acabar a viagem conto dos perrengues e das aventuras que passei. Ou quase todas rs.