ConstanzaComportamento
Cotidiano
31 jul 2017, 54 comentários

O Dia Que Resolvi Fazer Uma Tatuagem

Sempre tive uma briga interna comigo mesma quando o assunto era tatuagem. Queria fazer uma, inclusive fiz post falando da minha vontade, mas coragem que é bom, nada. Na verdade não era bem coragem o que faltava mas sim dar um sentido legal para um rabisco que iria ficar no meu corpo para sempre.

Para sempre. Como assusta ler, falar, ouvir, essa frase né?

Por ser a primeira (e talvez a última) não queria que fosse qualquer coisa, tinha que ser especial e nessa de procurar significados, passaram-se anos e eu não sabia o que desenhar. De vez em quando me dava a louca e ia pro estúdio de tatuagem, mas desistia e para não perder viagem, fazia um furo/piercing na orelha. Resultado: 7 furos na orelha. Desse jeito.

Bom, um dia, vendo os lindos desenhos de uma amiga artista na internet, pedi para ela desenhar um símbolo pra mim.

Meu briefing era fácil:

  • Algo delicado
  • Feminino
  • Traço fino
  • Que remetesse à letra F (Fernandez, Futilish, Familia, Friends, Fashion, Fé, Foco, Força…, monte de coisas que queria começam com a letra F)
  • Que tivesse algo que representasse o amor por todos meus F’s
  • Que, se possível, tivesse algo a ver com meu pai e minha mãe

Ela me mandou algumas opções mas uma delas foi o tiro EXATO que eu queria:

Eis um F, com um coração!

Tive tanta certeza que nem quis pensar muito e tomar coragem. Peguei a indicação de uma tatuadora aqui de BH, que tem traço fino e liguei. Ela perguntou para quando queria, e eu disse: o mais rápido possível, pra não dar tempo de eu desistir novamente. Ela falou: tenho horário daqui a 20 minutos, pode ser?

Sim, podia. E fui rápido.

Chegando lá, mostrei o desenho e ela imprimiu em 3 tamanhos. Um pequeno, um médio e um grande. O pequeno era muito pequeno, o grande muito grande, e como queria que minha primeira tatuagem realmente aparecesse, fui no médio, no antebraço. O lugar já era certo.

Foi super rápido e nem doeu muito. Garanto que fazer sobrancelha dói muito mais!

Meu F ganhou vários significados.

A própria letra F com tudo o que ela representa pra mim…

Se olhar a tatuagem deitada parece um avião, já que amo viajar…

E virada para mim, tem a letra E de Eva e L de Leoncio, mami e papi.

NÃO FICOU PERFEITA????

E aconteceu algo muito engraçado quando fiz a tattoo… minha mãe sempre foi contra e não a avisei que faria isso. Ela ficou sabendo pelos meus Stories no Instagram e logo mandou mensagem: “Não gostei nada nada disso. Espero que seja a primeira e última.” Daí falei que era a inicial do nome dela e do meu pai, daí ela respondeu: “Ah bom, agora gostei. Retiro meu comentário anterior.” HAHAHAHAHAHAH morro com os comentários dela!!! Muito amor!

  • Tudo o que eu queria, em pouco traço, e num símbolo simples e delicado. Fui muito feliz com essa escolha! Agradeço a Beth Tropia (instagram @bethtropia) que fez o desenho mais certeiro do mundo e traduziu perfeitamente meu desejo.
  • E vocês não sabem… já estou pensando na segunda tatuagem! Bem que me falaram que isso vicia…
Comportamento
Chora Que Eu Te Escuto
12 jul 2017, 86 comentários

Chora Que Eu Te Escuto!

Choras antigos, mas eu fui relapsa e deixei a tag um pouco de lado. Às vezes pesa, mas voltamos!

Chora 01 – Kate

Olá Cony,
Meu nome é Kate, tenho 25 anos, sou bonita (se eu não achar que vai me achar não é mesmo? rs), sou gerente de uma loja, ganho suficientemente bem pra viajar, ter meu carrinho, me vestir bem e ser uma parceira “colaborativa” rs
Meu chora é o seguinte: Nunca namorei! Mas o que pega não é nem o fato de eu nunca ter namorado, e sim pq eu nunca dei certo por mto tempo nem ficando com alguém! Eu sou tipo de pessoa que divide a conta, topa uma cervejinha durante a semana, não sou encanada com nada e aceito as pessoas como elas são! E TODOS os caras que eu saí simplesmente me largaram sem motivo aparente, de mtos deles eu não ouvi um simples tchau! Mtos não queriam namorar, me largavam e TCHÁ: 1 mês depois estavam namorando outra! Juro que ja pensei que esse meu jeito de querer dividir a conta, buscar o boy em casa caso ele não tenha carro e outras regalias mais me atrapalhassem de verdade! Mas poxa, é meu jeito, me sinto meio sanguessuga de sair montada na carteira do cara…
Já ouvi conselhos de amigas pra eu parar de ser trouxa, que o cara tem que bancar tudo mesmo pra se sentirem dominadores!
Eu sei que a culpa não é minha e alguém vai me aceitar do jeito que eu sou… mas é que ja fora taaantos acontecimentos como esse que as vezes bate uma deprê e aquela sensação de que vou ficar sozinha pra sempre! Me ajuda Cony, o problema está em mim ou é meu dedo podre que é vitalício?

Me identifiquei um pouco com você pois meus amigos também me acham meio “trouxa” em relacionamentos amorosos. Também sou dessas que sou super boazinha, tento agradar, topo programas que as vezes nem tô querendo só pra acompanhar, faço todos os favores que me pedem, enfim… Não sei se isso é bem um defeito mas uma amiga uma vez me disse: “homem gosta de ser o provedor, ou pelo menos pensar que é. A mulher tem que deixar ele achar que ele manda e que tem o controle da situação. Temos que ser inteligentes e seguir o jogo.” Bom, eu não sei jogar e me ferro algumas vezes rs. É coisa de essência e sei como é difícil mudar isso, falta esperteza e maldade na arte de se relacionar mas juro que tenho preguiça de tentar mudar isso e aposto que você também. Mas uma coisa é certa, quanto mais a gente se importa, menos eles valorizam, pelo menos no início! Ah outro conselho, agora da minha mãe: “com os homens, tem que ser indiferente“. Tomara que os crushs não me leiam hahahaha

Chora 02 – Tory

Oi Cony, tudo bem? Vamos então ao que interessa: Meu marido é muito frio comigo e isso me incomoda e causa brigas monstras a cada dois ou três meses, a partir das quais eu só pioro da depressão e muitas vezes me corto, o que faz ele brigar mais comigo e dizer que eu sou uma burra, uma criança, etc. A gente mora junto há 4 anos e casamos na igreja recentemente. Ele sempre foi mais sério na profissão e eu sempre entendi isso porque a profissao exige, mas na vida pessoal ele também tem muita dificuldade pra ser carinhoso e me dar atenção, acho que é porque ele é órfão de pai e mãe, mora sozinho desde os 13 anos e ficou 5 anos preso injustamente. Ele demonstra o amor dele limpando a casa no fim de semana, pedindo comida gostosa pra nós comermos junto, cozinhando pra nós, me incentivando a estudar pra ser juíza, me levando de carro pra todo lado que eu preciso por que eu não dirijo, me ajudando com minhas dietas loucas, me obrigando a ir no médico quando não quero, etc. Ocorre que isso na maior parte do tempo me basta, mas volta e meia me faz muita falta umas palavras carinhosas, uma flor, uma surpresa, um bilhetinho, uma mensagem no meio do dia, sabe coisinhas pra cultivar o relacionamento? Eu sempre fiz tudo isso, mas ultimamente não tenho feito mais, por que tudo sempre vinha só da minha parte, ele nada e eu estou cansada de ficar no vácuo. Quando eu vou tentar conversar sobre isso com ele está feita a briga, porque ele já fala que eu não reconheço nda que ele faz pra mim, que ele tá sempre errado, que eu nunca estou contente com ele, resumindo, dá um pití e não conseguimos conversar sem brigar e eu acabar chorando. Alguns dias antes do casamento quase fui embora de casa por causa de uma briga dessas.Tudo sempre acaba comigo chorando, ele se sentindo culpado e falando que ele é desse jeito e que ele faz tanto por mim, mas eu insisto em querer que ele escreva cartas e essas coisas que ele não faz. Eu amo ele, não quero deixar ele nunca, nos damos muito bem, temos os mesmos objetivos e visão de mundo, mas ele ser tão frio me incomoda muito, poxa, será que é muito pedir um carinho? Eu tenho depressão e faço acompanhamento com psiquiatra, tento ver o lado positivo das coisas e me contentar, mas é difícil. Também não quero mais ser a empática, a maleável, a que cede todas as vezes. Eu mudei muita coisa pra me adaptar a ele, dentre elas controlar meus rompantes de falta de raiva (por conta da depressão com espectro de bipolaridade) e minha mania de querer estar sempre certa. Por que ele não pode fazer o mesmo?  Agora estamos bem, mas sei que ainda virão muitas brigas sobre isso e não quero me separar por isso, mas também não aguento mais essa situação. O que eu faço? Me ajuda!

Menina, pesado isso. Dos dois lados, mas deixa eu te falar uma coisinha… nem sempre dá pra ter tudo na vida. E pelo que você nos contou, o comportamento do seu marido é completamente compreensível por tudo o que ele passou. Tenta ser compreensiva também… tudo o que ele faz para e por você é uma forma de demonstração de carinho, é a maneira que ele sabe mostrar que se importa com você. Não force as coisas, deixa acontecer naturalmente, e pensa um pouco no lado dele também… é difícil conviver com alguém com depressão, ainda mais da forma que você contou que é… Você também não deve ser fácil miga… seja leve, seja companheira. E será que você realmente resolveu sua mania de estar sempre certa e os rompantes de raiva? Pense com carinho, olhe para dentro de si mesma antes de cobrar algo dos outros.

Chora 03 – Diane

Olá Cony, nem preciso falar o quanto gosto do seu blog. Mas lá vai meu chora!
Minha mãe engravidou cedo (pra mim é muito cedo), ela tinha 19 anos e cabeça de 14. Ela namorava há 5 anos, estava apaixonada e eles “resolveram” ter um filho juntos, meu avô que tem a mente do tamanho de um amendoim fez eles casarem, não queria um filho sem pai dentro de casa. Pois bem, casaram e ficaram: 20 DIAS CASADOS! Pasmem!!! Ela quis voltar pra casa mas meu avô não deixou, então foi morar com a minha avó (meus avós eram separados).
Minha mãe ficou péssima, sofreu durante toda a gravidez, ficou frágil e “sozinha”. Nessa época ela trabalhava numa empresa e tinha um colega de trabalho legal e que gostava dela. Ela o chamou pra ser meu padrinho e começaram um relacionamento, ele me assumiu como filha, mas eu já era registrada no nome do “pai” biológico. Ele e toda família dele sempre me amaram e me deram tudo que sempre pude querer, boas escolas, plano de saúde, brinquedos, cursos, viagens, uma boa casa e amor, meu avô então… Nem posso dizer, ele morreu quando ainda era criança, mas era um amor incondicional por mim, que nem neta de “verdade” era.
Um pouco depois eles tiveram meu irmão e mesmo assim sempre tivemos tratamento igual, meu pai nunca tratou meu irmão melhor por ele ser filho biológico. Nós tínhamos tudo que o dinheiro podia comprar, mas no fundo, desde criança, sempre soube que minha mãe não era feliz, nunca foi. Ela sempre foi apaixonada pelo meu pai biológico, eles me contaram a verdade quando tinha 7 anos, mas sempre senti que já sabia disso, no começo minha mãe me “culpava” por ele não ter voltado pra ela e ela tinha um ciúme doentio por ele, quando soube que ele tinha casado de novo ela ficou louca. Eu só o vi uma vez em toda a minha vida e não lembro rosto dele, mas lembro de cada detalhe daquele dia, mesmo eu sendo muito pequena, minha mãe me levou e ele foi com a esposa. Lembro que no fim do encontro, quando estávamos indo pra casa, minha mãe brigou muito comigo, ela gritava, andava na frente na rua e eu pequena ainda, chorava copiosamente enquanto ela dizia pra eu parar, porque meu pai não ia me perguntar o motivo do choro. Durante muitos anos pensei em todas as palavras duras ditas por ela em relação a ele, em compensação, ela sempre deixava claro que eu podia procurá-lo se quisesse (muito contraditório, né?!).
Depois de adulta entendi minha mãe e a vida que ela teve, não a culpo por nada e sei todos os sacrifícios que ela fez por mim, ela ficou mais de 20 anos num casamento infeliz para que eu tivesse uma boa vida.
Hoje tenho 26 anos e meu pai biológico NUNCA me procurou, nem em aniversário, Natal, nem nada. Soube que ele tem mais duas filhas, são crianças ainda e sinceramente nunca senti vontade de ir atras dele, sempre tive pai e ele foi/é muito bom pra mim. Mas ultimamente essa curiosidade cresceu dentro de mim, eu nem sei como é o rosto dele, não tenho ou vi na vida uma foto dele, se encontrei com ele na rua, não soube quem era. Algumas pessoas, inclusive minha mãe dizem que eu pareço com ele, mas eu não sei!
Nos últimos meses me peguei procurando redes sociais e informações sobre ele, achei o facebook, mas não tem fotos e sempre penso se devo adicionar e dizer: oi, sou eu, sua filha! Gostaria de saber porque ele não me quis, porque ele gosta de ser pai das outras filhas, mas não quis ser o meu.
Do outro lado penso nos meus pais, no quanto posso magoá-los com essa atitude, será que devo ir atras desse homem? Devo mexer nessa história adormecida? Ou devo apenas agradecer por tudo que tive e seguir meu caminho?
Alguém já passou por isso?
Obrigada!

Lembro de um caso parecido aqui no Chora… Acho assim… curiosidade, claro que você deve ter. Eu também teria. MAS não faria nada por “baixo dos panos” sabe? Justamente para não magoar seu pai e sua mãe. Se realmente quiser encontrar com seu pai biológico, antes de mais nada, muita conversa em casa para explicar o porque dessa vontade. E outra coisa, não acho que você deva confrontar seu pai biológico e querer saber porque ele não te quis. Eram dois jovens, pelo visto, inconsequentes, sabe-se lá o que aconteceu e passou na cabeça dele também. As vezes ele também quer te conhecer mas pode ter culpa, vergonha, a mulher atual pode proibir, enfim… muita coisa pode estar acontecendo do lado de lá também. Se você pensa nisso todo santo dia e te perturba, vá atrás, pessoalmente (nada por redes sociais) mas sem cobranças nem nada, apenas para conhecer e ver o rosto dele. “Me falaram que eu parecia com você, queria saber se era verdade.” Assim. Leve, tranquila, em paz. 

 

  • Ai que eu tava com saudade do Chora também! Vou responder mais alguns e abro novamente para emails ok?