Futilish

Chora Que Eu Te Escuto!

Que babado confusão e gritaria que foi o último chora hein? Até desisti de ler os comentários e aprovei tudo rs.

Gente, deixa eu falar uma coisa para vocês… quando alguém me manda um mail pedindo a MINHA opinião, eu dou. Opinião não tem certo ou errado, é opinião e se a gente não concorda, não bombardeia o outro, mas dá a sua e a defende ou fica calado e xinga mentalmente. Ponto. Sobre o fato de eu ter sido mais seca e direta… sou assim! Sempre respondo os choras pensando como responderia para uma amiga e não é isso que faz a diferença?? Se acho que precisa de chacoalhão, ele será dado. Se acho que precisa de um abraço e um beijo, também será dado. E só faço isso com quem me pede ajuda. Não passo mão na cabeça de ninguém se acho que não deve. Poderia ser mais meiga, suave, política? Poderia, mas não seria eu. Enfim, acho que as pessoas pedem opinião querendo ouvir as delas saindo da boca dos outros. Não é assim, só acho.

Vamos aos choras de hoje!

Chora 01 – Gucci

Olá Cony, tudo bem? Pensei muito antes de escrever para o Chora, porém acredito que alguém possa estar passando por uma situação similar e quem sabe me ajudar a clarear as ideias. Tentarei ser o mais breve possível.

Tenho 25 anos, sou formada em Direito, trabalho em uma repartição pública e ganho razoavelmente bem. Para entender o contexto, preciso voltar alguns anos. Sou a caçula, tenho dois irmãos bem mais velhos apenas por parte de mãe. Ambos sempre tiveram tudo, pois meus pais tinham uma condição financeira bem estável (aposentados, com casa própria): os melhores colégios, carros, apartamentos mobiliados, faculdade (que inclusive não terminaram não por falta de grana, mas por gastarem o dinheiro da mensalidade com festas, mulheres, roupas, etc.).

Até então, eu não era nascida. Após um tempo, ambos casaram e constituíram suas famílias. O mais velho levou um pé na bunda da ex esposa e perdeu tudo mas se virou bem sozinho e formou nova família.
O do meio foi praticamente a mesma coisa, entretanto envolvendo traição da ex esposa e a alienação parental, fazendo suas filhas não quererem mais o ver. Devido a tudo isso, minha mãe o acolheu em casa, mas como estava sensível e magoado, entrou para o mundo do álcool e dos jogos.

Um adendo importante: na época em que era casado, ele e minha mãe abriram um negócio em sociedade, então ela forneceu uma procuração com amplos poderes. Mesmo vendendo tal negócio, esta procuração nunca foi revogada.

Ele não tinha emprego e vivia as custas de nossa família. Um dia, recebemos uma intimação para desocuparmos a casa pois ela havia sido vendida. Nunca entendi direito essa história pois eu era uma criança entrando para a adolescência e sempre era poupada desses papos.

Anos depois, ainda morando conosco, mas em uma casa alugada, bem humilde, de madeira, pequena em que nem quarto eu tinha pois cedi a ele, descobri que ele havia apostado nossa casa em um jogo e perdido, podendo vender ela por causa daquela procuração.

Isso me revoltou de uma forma impressionante, pois tudo o que meus pais conquistaram foi perdido por irresponsabilidade dele!

Nossa vida até o presente momento era: minha mãe sem trabalhar e doente (depressão e problemas cardíacos), meu pai com quase 70 anos trabalhando no pesado (soldador de máquinas industriais), meu irmão vivendo de bicos e não ajudando nada em casa (gastava todo o dinheiro em bebidas, farras, jogos), eu como estagiária. Somado a isso, aluguel, contas básicas e minha faculdade.

Do nada, meu irmão arrumou um emprego, uma esposa e saiu de casa. Ficamos aliviados, de certa forma. Aliado a isso, meu pai foi demitido e era impossível pagar todas as despesas com a aposentadoria deles e meu salário de estágio. Quase tranquei a faculdade, pois ou era pagar o aluguel ou a faculdade, mas consequentemente perderia o estágio.

Por sorte, uma semana depois do meu pai ser mandado embora, fui efetivada a funcionária e com um salário que podia cobrir as despesas de casa. Para facilitar, fiz o FIES e concluí o curso.

Ao mesmo tempo de tudo isso, meu irmão comprou uma casa na praia e resolveu se mudar para lá. Nunca cogitou devolver o dinheiro a meus pais. Nunca ofereceu ajuda mesmo sabendo de toda a nossa situação difícil.

Eu e meus pais nos mudamos para outra casa, um pouco mais cara, porém com uma estrutura melhor e mais segura. Até conseguíamos nos manter no início, mas além das despesas aumentarem, principalmente com medicação para ambos, minha mãe fez alguns empréstimos para cobrir gastos e se atolou em contas.

Em meio a toda essa tempestade, conheci o meu atual marido, do qual não posso falar absolutamente nada. Sempre me apoia e me incentiva. Ele também passava por algumas dificuldades e então resolvemos que ele iria morar conosco, virando assim marido, rs e juntando nossas rendas. Melhorou razoavelmente nossa vida, mas aí chegaram alguns problemas a mais.

Meu irmão decidiu vender a tal casa na praia e voltar para a cidade, já que quando abriu um negócio lá, não deu certo, faliu e perdeu muito dinheiro. E ainda sim pedia ajuda para nós, mesmo tendo casa própria. Como disse, conseguimos nos virar, mas sempre temos que optar por quais contas pagar no mês.

Não que eu não ache justo ele reconstruir a vida dele, mas se estamos na merda hoje é por conta dos erros dele. Acredito que a lei do universo vai agir, aliás, já está agindo, mas ainda assim guardo uma mágoa absurda dele, o que me faz transparecer que sou fria e antipática. Convivemos bem nos almoços de domingo, mas nada me tira esse sentimento de raiva, indignação e impotência.

Além de tudo isso, vem o ponto principal do meu chora: me sinto estagnada na vida. Não posso fazer uma pós, cursos, nem ter minha própria casa pois sustento meus pais e não sobra dinheiro. Mesmo guardando, sempre aparece alguma emergência. Não reclamo disso, de os sustentar, mas tenho certeza que se eles ainda tivessem a casa própria, poderiam viver a velhice com tranquilidade e com suas aposentadorias. Fora que sou a única irmã que os ajuda. A única que “cumpre seu papel de filha”.

Como mencionei, minha mãe ficou doente por causa de toda essa história, então sempre estamos em um pé de guerra. Tento ser o mais calma possível, entendo que ela é uma pessoa doente, mas vivemos brigando por falta de dinheiro. Assumi algumas dívidas dela, acabei fazendo algumas e estou com parcelas de contas bem altas. Fiz uma projeção de gastos com meu marido e até dezembro desse ano quito algumas contas. Sobraria um dinheirinho.

A partir disso, contei para minha mãe meus planos de, a longo prazo, morar apenas com meu marido. Além de não compreender que é daqui 1 ano, 1 ano e meio, pois precisamos nos estabilizar e quero os ajudar financeiramente, ela enfiou na cabeça que eu quero me livrar dela e do meu pai, que eles são “um peso morto”, “inúteis”, “que eu os carrego nas costas”, e decidiu procurar uma casa para alugarem, que dariam um jeito e que era para eu viver minha vida com meu marido. O que me deixa de mãos atadas é que apenas com a aposentadoria dos dois, é impossível alugar uma casa (por menor que seja), pagar as despesas básicas, medicamentos, etc. e eu não posso ajudar em nada agora por falta de grana.
Ela é teimosa, afoita, dramática e ansiosa por causa da doença, então brigamos bem feio por causa dessa interpretação errada do que eu disse. A longo prazo para mim é a curto prazo para ela. E ainda ela insiste que quem deu a ideia de eu “os abandonar”  foi meu marido, o qual ela “acolheu como filho e o apunhalou pelas costas, que ele está comigo porque ganho mais e ele quer me usar para se acomodar e ser um sanguessuga” (palavras dela).

Consegui (não sei como) tirar da cabeça dela a ideia deles se mudarem, mas ainda sim ela olha meu marido com indiferença. O trata bem, com educação, mas o olha com um ar de julgamento e tem esse pensamento equivocado dele. Em tudo o que ele pode ele me ajuda, mesmo que ele precise deixar de pagar uma conta dele para me dar o dinheiro. Ele nunca me negou nada!

A convivência está complicada e pesada em casa. Não sei o que fazer. Não sei se realmente seria um “abandono” que eles seguissem a vida deles. Não sei se foi certo a fazer desistir de se mudar. Ao mesmo tempo que sinto que eles precisam de mim e que nunca eu os deixaria na mão, me sinto impotente e estagnada por não conseguir construir minha própria vida e ter que os ajudar sozinha, sem nenhum outro irmão se oferecer para nada.

Me sinto horrível, um monstro por cogitar dar um fim nisso tudo e cada um ir para um canto de uma vez. Não sei se eles passariam por dificuldades, mas me sinto presa. Pode soar egoísta, mas não consigo seguir minha vida por conta deles que estão pagando um preço alto por um erro do meu irmão.

O que eu posso fazer Cony e leitoras? Me ajudem, iluminem meu caminho.

Obrigada por lerem esse textão, mas como disse, fui o mais breve possível e cortei muitas coisas.

Li TUDO! É um caso e tanto e imagino sua angústia… Só me perdi em uma coisa, cadê seu irmão mais velho??? Ele também deveria ajudar e dividir as responsabilidades com você já que o do meio é um caso perdido. Não acho nada errado você seguir sua vida, ter suas coisas, formar sua família, ter sua casa, mas ao mesmo tempo imagino a situação da sua mãe que te vê como um porto seguro, já que foi você que sempre esteve por ele e aguentou todos os perrengues. Coloque na sua cabeça que você não vai abandonar seus pais e tente mostrar isso para ela. O fato de você sair de casa não significa que ele deixarão de existir para você. Muito pelo contrário, acho que te dará uma visão ainda melhor da situação e abrir sua cabeça para saber como agir e decidir. Também sei que pode soar egoísta mas o filho é DELES, ele que aprontou e você ajudou até onde conseguiu. Dói tomar uma atitude dessas? Dói, mas até quando você vai pagar pelos erros do seu irmão? Como te falei, você não vai abandonar seus pais, você vai é ter sua vida da mesma forma que cada um deles escolheu ter. Converse com sua mãe, uma vez, duas vezes, várias vezes. Aos poucos, demonstre com atitudes também que você sempre estará lá por eles, mas agora precisa de ter um respiro.

Chora 02 – Hermes

Namoro há 1 ano com um cara maravilhoso. Ele sempre diz que me ama, que é muito feliz, que eu faço muito bem a ele.. até aí tudo ótimo.
A questão é que, antes de namorarmos, ele ficou 8 anos com outra mulher. Chegou a ser noivo e tudo, ia casar no ano passado. Terminaram e depois de 5 meses nos conhecemos melhor e começamos a namorar.
Eu não sei por quais razões eles terminaram, só sei que ele não quer ter nenhum contato com ela ou a família dela.
Pois bem, nós moramos em bairros distantes e a ex mora perto dele. Esses dias, a irmã dela ligou pra ele para conversarem, e disse que ela terminou o namoro dela com um outro cara. Ele me disse que não teve nada demais, só conversaram sobre coisas da vida mesmo, e nem tocaram no assunto da ex (exceto por essa informação).
Mas aí isso ficou na minha cabeça… fui fuxicar nas redes sociais e vi que ela excluiu todas que tinha (facebook, instagram). Me bateu uma insegurança sabe… fiquei pensando que ela pode estar tentando entrar em contato com ele, tentar uma reaproximação, sei lá… eles moram perto, vai que ela o procura durante a semana? Já vi algumas mulheres doidas que não conseguem fazer a vida andar e vão atrás do ex, tentando alguma coisa.
Estou com tanto medo, tão insegura! Não sei  que eu faço, se falo com ele, se pergunto alguma coisa, se deixo pra lá… confio nele, mas to com a pulga atrás da orelha, só por causa dela. Tenho medo dele me deixar pra reatar com ela.
 
Me ajuda Cony!

Miga, não perca seu precioso tempo imaginando coisas. Ela pode estar indo atrás dele? Pode. Mas também pode ser que não. Confie em VOCÊ! Apenas isso. E por favor, não deixe transparecer a insegurança. Observe, fique de olho, mas não deixe que essa desconfiança altere seu comportamento com seu namorado. Ele está com você e é isso que importa. Agora me conta uma coisa… você estava junto quando a ex cunhada ligou pra ele? Ou ele que te contou??? Porque se foi ele que te contou, era uma informação desnecessária né? Pode estar querendo criar ciuminho em você. Seja mais do que isso, ignore e trate esse assunto como bobagem.

 

Chora 03 – Chanel

Oi, Cony! Acompanho o blog há anos e já li muitos conselhos sinceros seus e das outras leitoras no Chora, então quis mandar o meu dilema pra ver se alguém já passou por algo parecido e pode me ajudar.
Minha mãe é uma mulher bem tradicional, católica, mas é incrível, sempre fez de tudo pra mim e minhas irmãs, nunca nos faltou nada, tanto no aspecto financeiro quanto no emocional. De uns anos pra cá, porém, eu tenho mudado muito… Conheci o feminismo, entrei na faculdade, o que abriu muito minha cabeça pra realidades diferentes da minha (que sou bem privilegiada), comecei a questionar premissas que antes eu sequer enxergava, enfim, hoje em dia, com 22 anos, tenho formado opiniões próprias e tomado decisões que nem sempre agradam minha mãe.
Acontece que ela quer impor as crenças dela como verdades absolutas, e se eu opto por algo que não corresponde às expectativas dela (mesmo que não seja uma opção ruim, apenas não é o que ela esperava), ela fica duvidando que vai dar certo ou brigando comigo porque eu escolhi algo diferente do que ela escolheria, como se o fato de eu tomar uma decisão no que tange à minha vida fosse uma afronta a ela… Ela tenta controlar certos aspectos da minha vida que já não é mais possível ela intervir, como com quem eu devo me relacionar, qual âmbito da minha vida devo dar prioridade, mas o que mais me incomoda é que ela não apoia a opção que fiz pra minha carreira, que é ser defensora pública, porque ela acha um absurdo defender “bandido” e que eu não sei o que eu estou fazendo.
Eu entendo que boa parte disso é preocupação, mas ultimamente tem se tornado algo desproporcional, porque TODAS as minhas decisões são questionadas por ela, na visão dela, o meu jeito de fazer as coisas sempre vai dar errado e o dela sempre vai ser melhor, ela quer impor a decisões dela em tudo que eu faço, mesmo eu já tendo uma relativa independência financeira… Pra citar um exemplo, às vezes eu quero sair pra jantar com meus amigos depois de uma semana inteiro estudando, trabalhando, etc, e ela briga comigo por isso, querendo decidir por mim se eu estou cansada ou não, ou então falando que ela não quer que eu saia, simplesmente pra fazer “braço de ferro” e mostrar que é ela quem ainda manda em casa, porque sabe que eu não vou querer me indispor e vou acabar respeitando a imposição dela.
Isso está dificultando nossa relação e convivência, que antes era muito boa… Estou achando que ela ainda não conseguiu se adaptar ao fato das filhas terem crescido e que a opinião dela, apesar de ser muito importante pra nós, não é mais a palavra final para tomarmos uma decisão. Mas sempre que tento um diálogo, ela não quer escutar, diz que não vai mudar o jeito dela, que enquanto eu morar na casa dela eu vou ter que me conformar (e eu ainda não tenho condições de sair de casa e ir morar sozinha, então isso não é uma solução) e também fica dizendo que eu acho que ela é uma mãe ruim, sendo que eu nunca disse e nunca pensei isso.
Enfim, me ajudem a conseguir sair desse ciclo vicioso, que está me desgastando muito e me privando de ser quem eu sou.
Obrigada!

Antes de mais nada, mãe é sagrada. Certa, errada, chata, legal, bonita, feia, nova, velha, do jeito que for, mãe é mãe. Se sair de casa não é uma opção (dividir ou morar em república também não dá?) e conversar tá complicado, miga faz a egípcia, meditação e deixa entrar por um ouvido e sair pelo outro. Continue fazendo suas coisas, seguindo suas vontades, não bata boca, você mesma admite que mudou MUITO e obviamente isso acarreta uma reação da sua mãe. Toda história tem 3 lados: os das duas pessoas e a verdade. Ela não deve estar te reconhecendo e isso, claro, gera um stress na relação. Você mudou, ok, bacana, mas faça isso ser gradual e tente mostrar pra sua mãe que você está ciente e convicta da sua escolha mas que o amor de filha continua lá.

 

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