Futilish

E Depois do Fim?

Lembram daquele post que fiz sobre fim de namoro? Foi bonito. Bonito não pelo o que estava escrito mas sim pela troca de experiências e ver o quanto as meninas tiraram proveito dos conselhos e discutiram seus problemas. Acho que falta um lugar tranquilo e de confiança nesses momentos que a gente quer conversar, mas não quer mais incomodar aquela amiga querida, quer ser ouvida mas não quer falar, quer desabafar mas não quer que ninguém te veja chorando…

É punk. Não vou dizer que é fácil não. Tem momentos que a gente tá mega feliz e num segundo, cai tudo. Claro que com o tempo a gente aprende a lidar melhor com isso e acaba ignorando essas recaídas. Faço o “estapeamento mental” e acordo. Mas que dá vontade de ligar, de repensar tudo, de achar que ¨não era tão ruim assim¨, ô se dá.

Mas se a gente ficar nessa pendenga de voltar atrás, nem que seja um segundo e na memória, a vida não flui. Não adianta. Surgirão comparações, lembranças de coisas pequenas que te faziam bem, aquele bar que vocês iam, aquela música que sempre tocava quando estavam juntos, aquele ator que ele ama e você passou a gostar também, aquelas manias idiotas que os casais acabam incorporando e que depois do término, permanecem.

Ai como dói. Mas a vida tem que continuar. E talvez a parte mais dolorosa de uma separação nem é o dia do término, mas sim o dia que você permite que a pessoa saia de vez da sua vida e que cada um siga seu caminho, livre, sem se importar com o destino mas sim com a felicidade do outro. Afinal todo aquele amor não acaba de um dia pro outro, talvez nunca acabe. Mas vai se transformar em bem querer, em desejar sucesso, felicidade, tranquilidade, paz, mesmo que isso signifique um caminho completamente oposto ao seu, onde você não vai poder se intrometer ou dar pitaco, e pode ser no meio de outras pessoas completamente diferentes de você. E vai ter que aceitar, desejar boa sorte e deixar ir. Essa sim vai doer mais, a tal fase da libertação.

Li um texto que me fez chorar, quando achei que nem choraria mais por isso. Reli e ¨rechorei¨. E toda vez que leio, meus olhos se enchem d’água. Porque podemos estar muito certas do que queremos e do que é melhor pra nós (e o quê realmente merecemos), mas assumir isso, aceitar e falar, “ok, chega, segue teu caminho, daqui pra frente é cada um por si e talvez eu nem veja seu rastro”, é forte e é a decisão de uma vida.

O texto é da Naiá Aiello, amiga que escolhi pra irmã e que conheci graças ao blog. Ela é jornalista e tem o dom da escrita. E traduziu exatamente como as coisas devem ser.

¨Às vezes a gente precisa deixá-lo ir. Mesmo quando dói o peito de uma forma que nem se consegue explicar. Quando a gente diz que esqueceu mas, no fundo, a lembrança se faz tão presente. Eu preciso te deixar ir, menino. Passou da hora. O relógio já girou tantas e tantas vezes que até perdi as contas. Fiquei olhando e me perdi nas minhas ideias. Eu sei o quanto machuca e você não precisa me dizer. Embora pareça que não sinto nada, embora eu tente – e tente tanto – fingir que isso não me incomoda, aqui dentro uma senhorita ferida ainda custa a cicatrizar. Não pense que não. Porque se pensar, chego a acreditar que você nem me conhecia direito e isso é ruim de imaginar. Principalmente por alguém que me conhece tão bem. Ou conhecia, sei lá o quanto mudei. Sei lá se mudei tanto assim, também. Eu só sei que é chegada a hora. Que passou da hora. E eu não posso mais te manter aqui no meu peito dessa maneira. Não é justo com ninguém e tampouco contigo, menino. Afogar você nos meus instintos tão avulsos. Por isso eu te deixo ir. Assim, lentamente, como quem se deixa levar numa maré calma e suave. Assistindo o balanço do mar numa tardezinha semi-ensolarada de outono. Por te querer tão bem eu te liberto, querido. Eu te deixo ir com a certeza de que você vai ser feliz, eu rezo, eu rezo pra que seja todas as noites e todos os dias, vai feliz, que eu olho daqui por ti.¨

Glup.

Mas porquê tô falando disso? Porque continuo recebendo e-mails de gente que está passando por um término e está perdida. O fim infelizmente não se resume a um dia, minha linda. Quem dera fosse assim. Mas a gente vai passando por fases até chegar na libertação, que é o verdadeiro fim. Fim é uma palavra muito forte, digamos melhor, o encerramento de um ciclo. No fim de um, começa outro e por aí vai. Mas ser forte, ser mulher o bastante para querer o bem de quem você tanto amou (mesmo que tenha te feito mal de alguma forma) é um ato nobre, digno e que traz paz. A alma agradece e aí sim, sua vida vai continuar e fluir de uma maneira que você nunca imaginou.

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