Futilish

Ansiedade

Como queria escrever sobre isto e conversar com vocês… Tenho visto tanta gente reclamando da mesma coisa até que percebi que eu era uma delas mas não “aceitava”.

Deixa contar um pouco sobre mim. Pra quem já me conhece há mais tempo, deve ter percebido que sou muito clara e objetiva em relação a tudo. Não sei explicar mas eu tenho uma visão muito límpida das coisas, costumo ser bem sensata e realista. Ok, não é 100% do tempo, mas na maioria das vezes consigo avaliar bem uma situação sem muitos ruídos. Acho que esse é um dos motivos que não faço terapia, porque sei exatamente tudo o que se passa comigo e de onde se origina. Apenas fiz terapia duas vezes na vida e durou coisa de 2 meses cada, que foi quando terminei um namoro de 15 anos e depois quando terminei outro relacionamento. E a terapia não foi para me fazer enxergar que não era o fim do mundo, ou que haveriam outros namorados com certeza, ou me reafirmar de alguma coisa. Acontece que eu fico TÃO chata quando termino namoro que acho que ninguém aguenta minha ladainha, por isso vou pra terapia para alguém ouvir as infinitas e intermináveis lamentações que ficamos viciadas em repetir quando levamos uma rasteira emocional.

Ok, mas não sou fodona assim. Eu tenho MUITOS defeitos, alguns bem chatos e tenho plena consciência deles. Tento trabalhar para melhorar, mas eu comigo mesma. Eu sei o que é, porque e quando acontece. E eis outro defeito meu, controle. Ou pelo menos, me preocupar apenas com o que posso controlar. E se eu sei que posso controlar, eu controlo. Se acho que não consigo, me afasto e deixo as coisas se resolverem por si só. E nesse cenário algumas coisas começaram a me atrapalhar, meu auto controle começou a sumir. Acredito que nossa mente comanda muita coisa na nossa vida e no nosso corpo, por exemplo, já tive MOMENTOS depressivos, mas aquela falta química que tem que ser remediada, nunca tive. E quando tive momentos de tristeza profunda, me permiti sofrer, mas sempre por um tempo curto e depois me forcei a sair disso. Até aí tudo bem.

Só que um dia comecei a não ter mais controle sobre mim. Comecei a ficar nervosa a toa, a ter palpitações no peito que não paravam nem com a “força do meu pensamento”. Comecei a sentir falta de ar, sentir a boca adormecendo, ficar tonta, mão gelada, achar que ia desmaiar e tudo isso sempre que estava “esperando” algo. E essa espera poderia ser uma fila de banco, um atendimento com senha, esperar alguém chegar, esperar minha vez de falar ou me apresentar em público. Coisas até então super rotineiras e comuns em minha vida.

Então tive que aceitar. Conheci a primeira “pessoa” que conseguiu tirar meu auto controle: a ansiedade.

Obviamente que as primeiras vezes que passei por isso, que tive esses sintomas, achei que era bobagem, que era por algum motivo pontual e que não aconteceria mais. Só que o negócio foi se repetindo, e cada vez, com uma novidade. Tipo, antes era só coração pulando pra fora do peito. Depois começou a ser o coração pulando e a boca adormecida. Depois o coração, a boca e a mão gelada. E por ai vai, adicionando sintomas até que teve um dia que eu achei que iria morrer. Estava em San Pedro de Atacama, acordamos bem cedo para fazer um passeio, tudo normal, como sempre. Quando entrei na van, comecei a ficar apavorada. Não conseguia respirar, minha vista embaçou, meu coração disparou. DO NADA! Fiquei realmente desesperada sem conseguir respirar, por mais que eu tentasse ritmar a respiração e enfiar na minha cabeça que não tinha nada de anormal ou diferente ali, eu não conseguia me livrar daquele pânico. Tive que descer da van, respirar fundo e me acalmar. Leo perguntou se eu queria cancelar o passeio mas eu não quis. Poxa, porque me deu aquilo??? Não sou disso! E só pensava numa coisa: será que isso é a tal síndrome do pânico? Porque o que eu senti, foi isso, pânico.

Me bateu um terror de acontecer a mesma coisa no avião ou nas viagens de ônibus que ainda tínhamos pela frente. Vocês não imaginam minha tensão cada vez que tinha que entrar em algum lugar fechado onde eu não poderia sair a hora que quisesse. Foi aí que a ficha caiu: isso é sério e tem que ser tratado.

Voltei de viagem, graças a Deus não tive mais episódios assim, achei que tinha sido esporádico, talvez não fosse tão grave, que sim teria que ir ao médico mas poderia esperar. Até o dia que fui buscar minha mãe no aeroporto em SP. Ela veio me visitar e eu fui até Guarulhos fazer uma surpresa pra ela. Enquanto esperava ela aparecer, juro que achei que iria ter um treco. TODOS os sintomas que mencionei acima, eu senti. TODOS, e até mais, vi bolas brancas flutuando. De novo, aquela aflição, aquele desespero, aquela sensação ruim e totalmente sem controle.

Não tem mais como negar né? Sofro de ansiedade. Qual delas, qual tipo, qual grau, não sei, porque até hoje não fui ao medico. Tenho muito medo de ter que usar remédios fortes e ficar lesada por isso estou tentando outras alternativas como por exemplo aromaterapia com óleos essenciais. Ganhei um colarzinho que é um difusor pessoal, super fofo, e pingo óleo nele todos os dias para ter um dia tranquilo e sem stress. Até hoje não tive mais crises, mas também não sei se é assim mesmo, se tem frequência, se de repente do nada vou passar por isso de novo. Também não provoquei situações estressantes, aliás, falei em publico esses dias, deu um nervoso mas passou. Consegui falar com coerência e passar o recado. Para mim, ansiedade era aquela preocupação pelo que não aconteceu ainda, aquela euforia pré viagem ou aquele frio na barriga de uma situação nova que está para acontecer, mas descobri o lado feio da ansiedade, o pânico, os sintomas físicos, a falta de auto controle. Enfim, tudo ainda é muito novo pra mim e confesso que a minha teimosia/controle ainda insiste em tentar me convencer que eu dou conta. Algumas leitoras já me alertaram que ansiedade não tratada vira síndrome do pânico e claro que não quero isso.

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