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Diario de Viagem
29 ago 2017, 5 comentários

Diário de Viagem – Atacama Dia 4 Parte 01

É bem assim que começo este post mesmo, um dia, duas partes e vou contar aqui o porquê. Nossa diária no Alto Atacama, aquela com All Inclusive, acabava às 14h do nosso quarto dia no deserto, só que eu e Joana, fominhas que somos, resolvemos ficar mais um dia em San Pedro, e bookamos um hostel bem baratinho para passar apenas uma noite.

Bom, na segunda parte do 4º dia contarei como foi a parte da tarde, agora vamos focar no último passeio que fizemos pelo hotel Alto Atacama que foi um dos mais esperados e comentados, os famosos Gêisers del Tatio.

Mas Cony, o que são Gêisers?

É a água gelada que passa pelo subsolo e é aquecida por lava vulcânica e rochas quentes, explodindo em alguns pontos da terra. A água sai fervendo, a 85º C graus, em colunas de até 10 metros de altura e tem que ter MUITO cuidado ao visitar lugares como esse.

Acordamos bem cedo, saímos do hotel às 6:30 da manhã pois seriam 2 horas de viagem e nossa guia, adivinha quem foi? Ela, Andreita, fofa e gentil!!! Já tinham nos avisados que lá seria bem frio e que era bom ir bastante agasalhada, se possível com todos os casacos que estivessem na mala, nesse nível! Falaram que lá, a temperatura poderia chegar a -12ºC graus e eu me encapotei com calça térmica (que comprei na Uniqlo no Japão), meia calça e meia térmica, umas duas blusas também térmicas, cachecol, gorro, luva.

Chegando lá, realmente bem frio mas acredito que não em graus negativos, a paisagem era deslumbrante. Sabe coisas que a gente só vê na televisão ou em fotos? Pois é, indescritível, mais uma dessas paisagens que tem que vivenciar para poder contar e realmente sentir a força da natureza.

Recebemos várias indicações para tomar cuidado, não chegar muito perto dos gêisers, pois é realmente água fervendo! Eu super acho que esse passeio é zero indicado para crianças, não quero nem imaginar o que uma poderia fazer aí… do simples fato de querer por a mãozinha na água ou até mesmo cair em um gêiser, já que não tem proteção ao redor deles. Inclusive, teve o caso de uma senhora belga, que no meio da fumaceira (sim, fica uma fumaceira danada, tem hora que não dá pra enxergar direito) foi tentar fazer uma foto e CAIU num gêiser. O marido a tirou de lá, mas ela queimou grande parte do corpo e não sobreviveu. É perigoso!!!

Enfim, como todos os outros passeios do Alto Atacama, esse terminou com um café da manhã com aquela paisagem maravilhosa. Depois, voltamos pro hotel, fizemos o check out e continuamos a aventura mas de uma maneira diferente… Sentindo mais o deserto.

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Diario de Viagem, Dicas de Viagem
25 ago 2017, 10 comentários

Diário de Viagem – Atacama Dia 3

Sumi por dois dias pois tivemos uma agenda mega apertada nos últimos dias e nem deu pra parar pra postar! Mas anotei tudo e agora voltamos a nossa programação normal sobre a melhor viagem dos últimos tempos: o Deserto do Atacama.

Bom, no terceiro dia acordamos cedo, mas não TÃO cedo e fomos fazer a Quebrada de Ckari. Para esse passeio estávamos na dúvida se íamos nele ou em Cardones, um lugar cheio de cactos, mas pelas fotos que vimos, achamos Ckari mais interessante e optamos por ir lá.

Novamente, a Andrea foi nossa guia e fiquei bem feliz por isso. Este passeio também está incluído na diária do Alto Atacama. Como é bom isso de não ter que se preocupar em ir atrás de agências de turismo para agendar os passeios…. O grupo desta vez era maior e mais diversificado: tinha argentinos, americanos, europeus e nós duas. Ckari é mais um dos lugares onde a tal botinha de trekking é indispensável pois é uma caminhada de quase 3 horas (uns 7 km), desta vez mais plana mas com algumas escaladas. Sim, ESCALADAS! Imagina isso para a pessoa aqui que tem quase 2 anos que não malha nada? Mas ó, tirei de letra. Dei uma tremida nas pernas mas consegui. Por isso acho que alguns passeios do deserto não são para crianças ou para pessoas mais velhas ou com pouca mobilidade. Melhor estar apto para enfrentar as dificuldades da natureza!!! A caminhada em Ckari é um circuito onde você começa em um ponto e termina em outro e a van está esperando para levar de volta ao hotel.

Em alguns pontos do passeios a paisagem parece realmente de mentira, parece cenário de filme, algo meio Game Of Thrones, algo meio Narnia, qualquer coisa menos um ponto comum na Terra. Caminhos coberto de sal, grutas, paredões de pedra, tudo isso num conjunto de tirar o fôlego e deixar os olhos maravilhados. A caminhada é bem tranquila, e é bom (como em todo passeio no deserto) levar água, protetor solar e labial, e uns chocolatinhos para ter energia. Se não fosse as duas escaladas, seria o passeio mais tranquilo de todos. Mas não se assustem, a escalada não é assim mega gigante, é descer alguns metros por um paredão de pedra duas vezes: um mais inclinado, outro menos.

O chão é coberto de sal, alguma pedras bem grandes e cristalizadas parecem quartzo!

Sal gente!!! Parece neve mas é sal mesmo!

Look do dia: legging, botinha e blusa fofinha de frio. Vale a mochila, óculos de sol e algo para prender o cabelo.

Isso ao vivo é branco branco!

Algumas mini caverninhas no caminho…

Final da caminhada! (A camiseta listrada é da minha marca e logo logo vou lançar 🙂 )

Depois voltamos ao hotel almoçamos e nos preparamos para o segundo passeio do dia: Laguna Tebenquiche.

Posso começar a chorar? Foi, em minha opinião, o passeio MAIS LINDO DE TODA A VIAGEM. Eu já estava com um feeling de que lá seria lindo, mas superou enormemente minhas expectativas! Tinha na minha cabeça uma lagoa que refletia as montanhas mas foi muito além disso. Vamos lá…

O guia foi Alexis, um atacamenho de verdade, nascido e criado no deserto. Ele falava pouco inglês e nosso grupo era de gringos e latinos, mas ele se saiu bem. No que dificultava, a gente ajudava a traduzir.

A primeira parada (uma meia hora depois) foi em uma árvore. Sim, uma árvore no meio do deserto. Lá, ele nos contou uma lenda indígena sobre montanhas, vulcões, amor e guerra. Vou tentar reproduzir, não sei se conseguirei rs.

Bom, o Vulcão Licancabur é uma montanha sagrada para os atacamenhos e o nome dele significa “montanha do povo”. Acontece que esse vulcão se apaixonou por Quimal, uma outra montanha (para eles os vulcões são guerreiros e as montanhas são donzelas) porém teve que disputar o amor dela com Jurique, seu irmão (outro vulcão). Licancabur que era maiorzão e fortão, ganhou a disputa, cortou a cabeça de Jurique e a jogou lá na Bolívia (e realmente o vulcão Jurique não tem a ponta). Acontece que o pai de Lincancabur e Jurique, o vulcão Lascar, ficou com raiva dessa disputa dos filhos e como castigo, mandou Quimal, a montanha disputada, para longe deles, para a outra extremidade do Deserto do Atacama. Daí ficaram Licancabur inteiro, Jurique decapitado ao lado dele, o pai, Lascar, um pouco mais afastado vigiando os dois. Quimal, grávida (a montanha parece a silhueta de uma mulher grávida) do outro lado do deserto. Os amantes ficaram tão tristes, choraram tanto, que suas lágrimas criaram o Salar de Atacama. MAS, como no amor sempre se dá um jeito de ficar perto da pessoa amada, uma vez por ano, se não me engano no dia 21 de Junho (no solstício de verão), o sol junta as sombras do Licancabur e Quimal e eles revivem sua paixão. Eita mozãaaaaaao!

Me saí bem?? rss

Logo em seguida paramos numa lagoa que se chama Ojos del Salar. Na verdade são duas lagoas, que refletem o céu e as montanhas e estava LOTADA de turistas. Algo que me entristece muito é a gritaria num lugar desses. Uma confusão que achei nada bonita num lugar tão maravilhoso. Por que a gritaria? Porque as pessoas ficam de um lado da lagoa e gritam pra outra tirar a foto. É bem possível fazer isso sem barulho, mas… Ou estou sendo muito chata?

Ojos del Salar

Bom, o ápice do passeio estava chegando… Chegamos em Tebenquiche e a lagoa toda tem uma trilhazinha ao redor dela. Um caminho mesmo, sinalizados com plaquinhas e delimitado por pedras. Acho que o passeio com maior intervenção humana que vi no deserto mas mesmo assim, o mais lindo. O objetivo era ver o pôr do sol mas nem nos meus sonhos mais lindos eu imaginaria o que iria ver.

Parei em cada mirante para admirar a natureza.

De cara, quase chorei. A lagoa é como um espelho e reflete claramente toda a natureza ao redor. A medida que o sol vai se escondendo, as cores do céu vão mudando e tudo fica surreal. Isso foi o que mais me impressionou. Nunca vi cores tão lindas num céu, e ainda por cima refletindo na Cordilheira dos Andes e essa, por sua vez, na lagoa Tebenquiche. Nenhuma, mas NENHUMA foto faz jus a realidade. É algo que ter que ser visto, vivido e sentido. Chorei copiosamente e olha que pra esse tipo de coisa me comover tem que ser muito único mesmo.

O pôr do sol mais lindo de todos!!!

A medida que o sol vai se escondendo, as montanhas, o céu e a lagoa, ganham tons de azuis, rosas e violetas. Inenarrável!

Fechamos com um coquetel na van, mimo do Alto Atacama, vendo esse pôr do sol mágico e logo voltamos pro hotel. Eu, cheia de uma energia e emoção inexplicáveis.