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Diario de Viagem, Dicas de Viagem
25 ago 2017, 10 comentários

Diário de Viagem – Atacama Dia 3

Sumi por dois dias pois tivemos uma agenda mega apertada nos últimos dias e nem deu pra parar pra postar! Mas anotei tudo e agora voltamos a nossa programação normal sobre a melhor viagem dos últimos tempos: o Deserto do Atacama.

Bom, no terceiro dia acordamos cedo, mas não TÃO cedo e fomos fazer a Quebrada de Ckari. Para esse passeio estávamos na dúvida se íamos nele ou em Cardones, um lugar cheio de cactos, mas pelas fotos que vimos, achamos Ckari mais interessante e optamos por ir lá.

Novamente, a Andrea foi nossa guia e fiquei bem feliz por isso. Este passeio também está incluído na diária do Alto Atacama. Como é bom isso de não ter que se preocupar em ir atrás de agências de turismo para agendar os passeios…. O grupo desta vez era maior e mais diversificado: tinha argentinos, americanos, europeus e nós duas. Ckari é mais um dos lugares onde a tal botinha de trekking é indispensável pois é uma caminhada de quase 3 horas (uns 7 km), desta vez mais plana mas com algumas escaladas. Sim, ESCALADAS! Imagina isso para a pessoa aqui que tem quase 2 anos que não malha nada? Mas ó, tirei de letra. Dei uma tremida nas pernas mas consegui. Por isso acho que alguns passeios do deserto não são para crianças ou para pessoas mais velhas ou com pouca mobilidade. Melhor estar apto para enfrentar as dificuldades da natureza!!! A caminhada em Ckari é um circuito onde você começa em um ponto e termina em outro e a van está esperando para levar de volta ao hotel.

Em alguns pontos do passeios a paisagem parece realmente de mentira, parece cenário de filme, algo meio Game Of Thrones, algo meio Narnia, qualquer coisa menos um ponto comum na Terra. Caminhos coberto de sal, grutas, paredões de pedra, tudo isso num conjunto de tirar o fôlego e deixar os olhos maravilhados. A caminhada é bem tranquila, e é bom (como em todo passeio no deserto) levar água, protetor solar e labial, e uns chocolatinhos para ter energia. Se não fosse as duas escaladas, seria o passeio mais tranquilo de todos. Mas não se assustem, a escalada não é assim mega gigante, é descer alguns metros por um paredão de pedra duas vezes: um mais inclinado, outro menos.

O chão é coberto de sal, alguma pedras bem grandes e cristalizadas parecem quartzo!

Sal gente!!! Parece neve mas é sal mesmo!

Look do dia: legging, botinha e blusa fofinha de frio. Vale a mochila, óculos de sol e algo para prender o cabelo.

Isso ao vivo é branco branco!

Algumas mini caverninhas no caminho…

Final da caminhada! (A camiseta listrada é da minha marca e logo logo vou lançar 🙂 )

Depois voltamos ao hotel almoçamos e nos preparamos para o segundo passeio do dia: Laguna Tebenquiche.

Posso começar a chorar? Foi, em minha opinião, o passeio MAIS LINDO DE TODA A VIAGEM. Eu já estava com um feeling de que lá seria lindo, mas superou enormemente minhas expectativas! Tinha na minha cabeça uma lagoa que refletia as montanhas mas foi muito além disso. Vamos lá…

O guia foi Alexis, um atacamenho de verdade, nascido e criado no deserto. Ele falava pouco inglês e nosso grupo era de gringos e latinos, mas ele se saiu bem. No que dificultava, a gente ajudava a traduzir.

A primeira parada (uma meia hora depois) foi em uma árvore. Sim, uma árvore no meio do deserto. Lá, ele nos contou uma lenda indígena sobre montanhas, vulcões, amor e guerra. Vou tentar reproduzir, não sei se conseguirei rs.

Bom, o Vulcão Licancabur é uma montanha sagrada para os atacamenhos e o nome dele significa “montanha do povo”. Acontece que esse vulcão se apaixonou por Quimal, uma outra montanha (para eles os vulcões são guerreiros e as montanhas são donzelas) porém teve que disputar o amor dela com Jurique, seu irmão (outro vulcão). Licancabur que era maiorzão e fortão, ganhou a disputa, cortou a cabeça de Jurique e a jogou lá na Bolívia (e realmente o vulcão Jurique não tem a ponta). Acontece que o pai de Lincancabur e Jurique, o vulcão Lascar, ficou com raiva dessa disputa dos filhos e como castigo, mandou Quimal, a montanha disputada, para longe deles, para a outra extremidade do Deserto do Atacama. Daí ficaram Licancabur inteiro, Jurique decapitado ao lado dele, o pai, Lascar, um pouco mais afastado vigiando os dois. Quimal, grávida (a montanha parece a silhueta de uma mulher grávida) do outro lado do deserto. Os amantes ficaram tão tristes, choraram tanto, que suas lágrimas criaram o Salar de Atacama. MAS, como no amor sempre se dá um jeito de ficar perto da pessoa amada, uma vez por ano, se não me engano no dia 21 de Junho (no solstício de verão), o sol junta as sombras do Licancabur e Quimal e eles revivem sua paixão. Eita mozãaaaaaao!

Me saí bem?? rss

Logo em seguida paramos numa lagoa que se chama Ojos del Salar. Na verdade são duas lagoas, que refletem o céu e as montanhas e estava LOTADA de turistas. Algo que me entristece muito é a gritaria num lugar desses. Uma confusão que achei nada bonita num lugar tão maravilhoso. Por que a gritaria? Porque as pessoas ficam de um lado da lagoa e gritam pra outra tirar a foto. É bem possível fazer isso sem barulho, mas… Ou estou sendo muito chata?

Ojos del Salar

Bom, o ápice do passeio estava chegando… Chegamos em Tebenquiche e a lagoa toda tem uma trilhazinha ao redor dela. Um caminho mesmo, sinalizados com plaquinhas e delimitado por pedras. Acho que o passeio com maior intervenção humana que vi no deserto mas mesmo assim, o mais lindo. O objetivo era ver o pôr do sol mas nem nos meus sonhos mais lindos eu imaginaria o que iria ver.

Parei em cada mirante para admirar a natureza.

De cara, quase chorei. A lagoa é como um espelho e reflete claramente toda a natureza ao redor. A medida que o sol vai se escondendo, as cores do céu vão mudando e tudo fica surreal. Isso foi o que mais me impressionou. Nunca vi cores tão lindas num céu, e ainda por cima refletindo na Cordilheira dos Andes e essa, por sua vez, na lagoa Tebenquiche. Nenhuma, mas NENHUMA foto faz jus a realidade. É algo que ter que ser visto, vivido e sentido. Chorei copiosamente e olha que pra esse tipo de coisa me comover tem que ser muito único mesmo.

O pôr do sol mais lindo de todos!!!

A medida que o sol vai se escondendo, as montanhas, o céu e a lagoa, ganham tons de azuis, rosas e violetas. Inenarrável!

Fechamos com um coquetel na van, mimo do Alto Atacama, vendo esse pôr do sol mágico e logo voltamos pro hotel. Eu, cheia de uma energia e emoção inexplicáveis.

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22 ago 2017, 17 comentários

Diário de Viagem – Atacama Dia 2

Sei que tenho que falar do dia 2 agora mas aguardem o dia 3… nossa senhora dos desertos, o dia mais incrível até agora! Mas vamos por partes, vou contar o que fizemos no segundo dia de Deserto do Atacama.

Acordamos cedo, coisa de 7 horas da manhã pois nosso primeiro passeio do dia era as 8:15, para as Termas de Puritama. Estava frio, mas não aqueeeeeele frio, sabe? Tanto é que eu estava indo de meia calça térmica mas antes de sair, corri no quarto e tirei! Vi várias pessoas no café da manhã apenas de legging e canelinhas de fora, logo, assumi que eu estava exagerando. E assim foi, esquentou bem rápido!

A van do Alto Atacama (todos os passeios estão incluídos! Contei no post anterior, podem ler tudo lá) veio nos buscar pontualmente e nosso guia da vez foi o Fernando. Fomos eu, Joana e um casal de brasileiros. A viagem de van foi curta, paramos em um lugar no meio do deserto e daí seguimos 7 km a pé, num trekking um pouco puxado. Tínhamos a opção de ir direto para as termas, aproveitar os banhos e voltar pro hotel, mas consegui convencer a de que precisávamos caminhar pelo meio do mato. Falou ela, a desbravadora de desertos né? hahahahaha Mas com certeza foi a melhor escolha. Não tem muita graça ir direto ao ponto principal do passeio, tem que ter as preliminares rs.

ATENÇÃO – Já falei no post passado e volto a repetir, botinha de trekking é ESSENCIAL no deserto! Nem vou esperar o último post, onde falarei do que precisa trazer para cá, mostrar os looks que usei e como montar a mala, pois é realmente importante ter bons calçados para andar nas pedras e areia.

Bom, começamos a caminhada para as Termas de Puritana (puri = água, tama = quente) e como falei, é nível médio. Não chega a ser difícil de tudo, mas também não é fácil… tem um certo grau de exigência, equilíbrio, concentração e algo de preparo físico, OU SEJA, sofri um pouco já que tem mais de um ano que não malho nada rs. Não tem insetos ou animais no caminho, mas tem muitas plantas cortantes e com espinhos então lá vai mais uma dica: use calças compridas e blusas de manga comprida para não se ferir com as plantas. Em algumas passagem é mato pra tudo que é lado. Também é importante levar mochila, água, protetor solar e labial, além de óculos de sol. Use uma camiseta ou regata por baixo da blusa de frio. Em algum momento você vai sentir bastante calor.

Tem subidas e decidas pelas pedras, pulamos um rio (tranquilo), algumas cachoeiras e tudo LINDO DE VIVER! Natureza no seu estado mais puro!

Depois dos 7 km (na volta a van está esperando nas termas, não precisa voltar tudo de novo pela trilha), chega a recompensa: várias piscinas com águas naturais quentinhas. A primeira tem a água mais quente e a última, a mais fria, mas ainda assim, morninha. Ah, claro, tem que levar biquíni ou maiô e uma sandália de borracha. Se estiver hospedada no Alto Atacama e fizer o passeio com eles, não precisa se preocupar com toalhas. Eles levam roupões e ainda fazem um picnic no final com direito a vinho e frutas!

Ficamos lá cerca de 40 minutos relaxando e depois… voltamos para o hotel, almoçamos e nos preparamos para mais um passeio.

Na parte da tarde, agendamos o Valle de La Luna e o Valle de La Muerte para ver o pôr do sol. A guia, esta vez, foi a querida e simpática Andrea. A entrada do Valle de La Luna é bem perto do hotel, coisa de 15 minutos! Este é um passeio sem trekking mas ainda assim é bom ter a botinha viu? Se ainda não se convenceu, pode se convencer de vez do tanto que ela é necessária. A van para em vários pontos do Valle De La Luna, onde descemos, admiramos e voltamos pro carro.

A primeira parada foi a Duna Mayor, que realmente é uma duna BEM grande. Não dei muita coisa por ela, mas tem que ir né? Eis que a natureza me deu aquele tapa na cara… ao chegar lá em cima, a vista é uma coisa MA RA VI LHO SA. Eu fiquei realmente surpresa e fiz fotos lindas! São cerca de 15 minutos para subir e ficamos lá mais uns 20. Depois, van de novo.

O Valle de La Luna tem esse nome pois, visto do espaço, parece ter crateras, como a lua!

A segunda parada foi a Mina Victoria, uma mina abandonada de onde extraíam sal. Antigamente usavam o sal das pedras para consumo até que descobriram que evaporar a água do mar dava sal mais rápido e mais barato… Não precisavam ficar picotando pedras para retirar sal. Foi assim que as minas ficaram abandonadas e o sal que ainda está lá, está cristalizado, parecendo um quartzo, e brilha muito ao sol. Coisa linda de se ver! A pessoa aqui já gosta de um brilho, agora imagina andar num chão todo brilhantinho???? Além do sal cristalizado cravado nas pedras, o chão é coberto por sal e gesso, o que faz parecer que é neve. Bem interessante!

A terceira parada, ainda no Valle de La Luna foi nas Três Marias, uma escultura de pedra que um padre francês deu esse nome por parecer que tinha 3 Marias rezando. Na verdade agora só tem duas pois há algum tempo, um turista subiu nas pedras para fazer uma foto e quebrou a primeira Maria. Desde então colocaram umas pedras delimitando até onde se pode chegar. É turistas… tem que tomar cuidado!

Saímos do Valle de La Luna e fomos rumo ao Valle de La Muerte que de morte não tem nada. Na verdade, era para ser Valle de MARTE, o planeta, mas novamente o padre francês que esqueci o nome, não conseguia pronunciar MARTE e as pessoas entendiam MUERTE. E assim ficou. E eu jurando que muita gente tinha morrido por lá e era esse o motivo do nome… O pôr do sol lá é bem bonito mas confesso que não achei espetacular não. O lugar é lindo, vale muito a visita mas não espere o sunset dos seus sonhos.

No final de cada passeio, o guia do Alto Atacama monta uma mesinha dessas… acho chic e carinhoso!

Voltamos para o hotel e me deu a louca de conhecer a cidade de San Pedro de Atacama… O hotel fica super perto e tem vans disponíveis para levar os hospedes lá. Assim que chegamos do passeio da tarde, fui na recepção e falei que queria ir na cidade. O moço me disse que em uma hora no máximo eu já teria visto tudo de San Pedro, e como já era noite, não iria ver muita coisa. Mesmo assim pedi a van e fui pra cidade. Teimosa ela.

Lá é bem roots, chão de terra e apenas uma rua principal, a Calle Caracoles. Alguns turistas passeando por ela, que tem vários restaurantes, bares, lojinhas de souvenir, algumas de prataria e produtos de cobre, monte de cachorros (alguns chamam a cidade de San Perro de Atacama rs) e várias agências de turismo. Nesse momento senti alívio de estar no Alto Atacama e não ter que me preocupar em procurar os passeios, ver preços, agendar horários, etc… A logística do hotel com os passeios é maravilhosa! Enfim, em 40 minutos já tinha sacado com era San Pedro e o cansaço apareceu. Voltamos para o hotel, jantamos e fomos dormir. No outro dia eu veria o espetáculo da natureza mais maravilhoso do universo…