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Decoração, Mi Casa Su Casa
22 jul 2018, 48 comentários

Mi casa, su casa – Na Parede, Boiserie

Olá Fufulândia!

Semana passada eu estava deprimido com o 2º lugar da Copa, eu torci TANTO para a Croácia… Acabei não aparecendo aqui.

Aí, como vocês sabem, essa coluna reflete fatos acontecidos em minha vida no escritório. E essa semana iniciamos os trabalhos para uma casa em estilo Neo Clássico.

Eis que um item que nos remete ao estilo, são os detalhes na parede chamados Boiserie, pronuncia-se: /bóizerí/, e que algum abilolado brasileiro decidiu que seria traduzido como “apainelamento”

Vamos fazer uma vaquinha para tirar essa pessoa abençoada do fundo do posso, poço. Se não consegue pronunciar Boiserie amigo, chama de moldura. Afinal, nada mais é do que um ornamento na parede formado por umas moldurinhas.

Se você não gosta de história, pule até a próxima linha de asteriscos igual essa daqui debaixo:

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Me considero uma  pessoa curiosa, e não tem nada que eu odeio mais do que informação errada. Esse desserviço a inteligência/cultura humana é algo que me enfurece. Logo, resolvi pesquisar um pouco sobre essa aplicação. Joguei no Google e procurei um link que eu confiasse para ler. Na Wikipedia em português, só tem essa triste e infundada notícia do “Apainelamento”. Segui com alguns blogs de revistas e de profissionais… Basicamente eram todos iguais:

“blá, blá, blá… técnica francesa do século XVIII…”

Só que, xizinho-vêzinho-pauzinho-pauzinho-pauzinho quer dizer século 18. Não obstante, titio aqui assistiu a série Versailles , que conta as treta todas do período de construção deste castelo (tem na Netflix), e lá aprendi que o Rei Louis XIV (o Rei  Sol) mudou a corte francesa de Paris para a aldeia Versalhes e isso aconteceu em mil-seiscentos-e-alguma-coisa…

Bora lá pra wikipedia de novo e descobri que toda a corte mudou-se para lá em 1682. Ou seja, se o castelo que é a “obra prima máxima do boiserie” tava inaugurado no século 17, por que é que essa técnica é do século 18?

Aí fiquei irado de vez e, já que o termo é em francês, tirei meu curso de francês da última gaveta do meu cérebro e fui para Wikipedia neste idioma e:

Nessa primeira frase o meu Français de 2001 enferrujado desde 2014 (quando passei uns dias na França) permite que eu entenda que:

A boiserie é um trabalho de …menuiserie… que recobre a parede interior de uma construção.

Tá, concluímos que chegamos na coisa certa, mas quado ela surgiu?

 

“A primeira boiserie foi encontrada provavelmente do Egito antigo, onde elas eram utilizados pelos faraós para decorar seus palácios. Ao se procurar em estábulos, capelas e de edifícios regionais a origem francesa é encontrada na capela do Châteu de Gaillon, (em uma etapa de construção datada) de 1513… Pelos castelos o uso se prolonga até a Renascença,  como é possível se ver no Castelo de Blois o gabinete da Rainha Marie de Médicis em 1520… A boiserie é amplamente utilizada para decorar os maiores palácios europeus, como Palácio de Versalhes  (França) Palácio Laeken ( Bélgica), Palácio de Buckingham ( Inglaterra), Palácio de Schönbrunn (Áustria) e o Ermitage (Rússia) .

Resumão tosco com tradução minha mesmo.

O importante é que, no século 18 a Boiserie já tinha pelo menos 3 séculos de idade, super juvenil. E eu fiz esse pequeno falatório de quase 500 palavras porque eu passei apenas seis horas lendo sobre isso, e sobre as construções de palácios, sobre os reis Luis XIII, XIV e XV… inclusive, o rei XIV teve 22 filhos! E quem assumiu quando ele morreu aos 76 anos foi o bisneto Luís XV, pois todos os filhos morreram na infância, menos o primogênito que até ficou adulto mas morreu anos antes do pai.

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Então a boiserie tem fama francesa, mas é egípcia e não começou no século 18 coisíssima-nenhuma-da-silva-sauro.

Tradicionalmente feita em painéis inteiros de madeira esculpida, eles tinham além de função estética, as propriedades de ajudar no isolamento térmico. Atualmente criamos desenhos e detalhes que podem ser feitos em madeira, gesso, molduras de pvc e até em poliestireno (isopor). Hoje em dia até usam o termo “falsa boiserie” porque já não é um painel inteiro, só o detalhe adicionado a parede.

Esse tipo de aplicação é uma das formas mais baratas de se decorar uma parede com bom gosto e sem ocupar espaço. Ainda que sua essência seja clássica, ela é facilmente aplicada em outros estilos, que é o que eu gostaria de mostrar aqui.

Em sua forma mais clássica, as paredes recebiam uma cor e depois os detalhes eram realçados com outro tom, especialmente o dourado, para que a opulência da coisa chegasse ao ápice:

Versões mais suaves eram vistas em apartamentos da corte também:

Hoje em dia, a não ser que você more em um lindo apartamento em Paris, a forma mais usual de utilizarmos esse detalhe decorativo é mesclá-lo com itens mais simples, como um mobiliário de linhas mais contemporâneas:

Perceberam que todas as fotos aqui em cima tem a mesma cor de parede e relevo? Ainda que neutras elas criam uma sensação de nobreza aos ambientes. Todos os desenhos acima também exibem um desenho alto na parte superior, e um bem menor na parte inferior. Para mim essa é a expressão mais tradicional da técnica. Quanto as larguras, elas variam muito, é preciso estudar a proporção do ambiente antes de criar o desenho final. Lembre sempre que para dar a impressão de alongar um cômodo precisamos de linhas horizontais, e para deixá-lo mais amplo, é necessário linhas verticais. Se estiver querendo de aventurar, vale a pena comprar uma fita crepe e estudar o desenho no local, colando o formato na parede e observando de vários pontos diferentes.

Para um visual mais moderno e ousado, cores marcantes são a aposta certa.

O grande motivo desse post, foi que essa semana eu estava com a pá virada e não queria fazer “mais uma boiserie” com a mesma cara, aí fui pesquisar modelos/desenhos diferentes:

Esse efeito pode ser utilizado também para emoldurar outros materiais, como espelhos, papéis de parede, para dar ênfase em quadros…

Tem uma imagem que eu adoro. Na minha pesquisa sobre esse tema ela surgiu inúmeras vezes em blogs descrita como “boiserie Moderna com detalhe no teto”:

Tudo mentira de novo. Na verdade eu já conhecia esse projeto, que eu acho muito bonito aliás. E a inspiração para ele realmente são as boiseries, porém não é uma moldura na parede. É o fio da luminária, que para não ter que mudar ponto elétrico eles resolveram puxar lá de cima mesmo. Incrível, né?

Algo perfeito para quem gosta do efeito mas, por exemplo, vive de aluguel e não pode fazer grandes intervenções no imóvel, é muito lindo usar esses detalhes no mobiliário:

E o local onde eu mais adoro colocar essa decoração é…

Nos corredores! Afinal, ocupa quase nada de espaço. Neste da foto acima também são armários.

Para acabar, antes que a patroa divina me dê as contas por excesso de imagens e de texto, eu quero que vocês não confundam a técnica em questão com rodameio ou lambril.

O lambril – muito comum em quartos de bebê – divide a parede, e geralmente é feito um revestimento em ripas, painéis, ou molduras na porção inferior:

Eu não posso perder a chance de postar um banheiro roxo:

O Rodameio, é uma moldurinha que divide as paredes em duas porções também, mas só isso, não precisa necessariamente ter adição de nenhum outro material:

Muitas vezes nem precisa ser um novo material, apenas uma outra cor:

Chega né!

Mandem suas perguntas para mim nos comentários que eu respondo! Nem ando demorando tanto.

Super beijo,

#Bença!