Comportamento
Chora Que Eu Te Escuto
09 mar 2018, 59 comentários

Chora Que Eu Te Escuto!

Feliz Dia da Mulher migas!!! Um tico atrasada mas… todo dia é nosso dia! Hoje o CQETE está um pouco tenso, principalmente pelo último caso e peço a ajuda de vocês. Por favor sejam solidárias e sem julgamentos, confio em vocês hein!

ERRATA – Desisti de publicar o último caso, e troquei o Chora. Quem quiser saber o motivo, pode ver nos Stories do Instagram.

Chora 01 – Dercy

Oi Cony, meu Chora foge um pouco do que tenho lido aqui na coluna.

Sempre fui uma criança com poucos amigos, brigona (metia a porrada e tudo), melhorei um pouco nesse sentido mas na essência sou a mesma, puro estresse.

Tenho 20 anos e NÃO tenho amigos, me afastei de todos durante a adolescência, os achava muito “pra frente”, as meninas só falando em sexo, só saindo pra balada e eu achava tudo um saco. Depois dessas amigas de infância que não fazem mais parte da minha vida, fiz diversos colegas, pessoas com quem conversava, ria, desabafava, mas que acabava perdendo contato em algum momento (pois saíram da turma, do colégio, nos formamos etc). Hoje tenho esse mesmo tipo de coleguismo na faculdade, os adoro mas não é como se eu contasse com eles pra nada. Sinto falta disso e não sei o que fazer, não consigo me conectar ou me aproximar de ninguém, tô sempre brigando com as pessoas (brigas que duram poucos minutos) e eventualmente fico com ranço. SIM, sei que o problema SOU EU, só não sei o que fazer.

Outra problema, que talvez seja até mais preocupante, NUNCA me relacionei com ninguém. Nunca consegui beijar ninguém, o máximo foi um selinho aos 12 anos. Nessa idade sofri muita pressão daquelas amigas que só falavam em sexo e acabei me fechando ainda mais, tanto pra elas quanto pros garotos. Tenho dificuldade em ficar com o rosto perto do de alguém, só de um boy chegar pra falar perto já fico nervosa. Não sou lésbica, sinto atração por desconhecidos na rua haha

Faz uns 5 anos que não me apaixono por ninguém, ZERO interesse, não acho nenhum boy que conheço atraente e não vou a lugares em que estejam (festas, bares) pois não curto o ambiente de tumulto e azaração (já tentei ir nas festas da facu mas é um porre. Então… só fico a fim de boys desconhecidos que passam no meu lado e esse lado da minha vida morre aí.

Fico o dia todo (estou de férias) em frente ao PC assistindo mil séries E AMO!!!! Não tenho a menor vontade de sair, já pensei que pudesse ser depressão, mas poxa, sinto tanto prazer em ficar no quarto vendo minhas sériesinhas que não sei se descarto essa opção kkk As séries acabam suprindo minhas necessidades sociais e românticas.

BUT, ao mesmo tempo fico preocupada com essas minhas características, enquanto vivo assim me sinto bem, porém se paro pra pensar no que estou vivendo me pergunto se pra sempre vou permanecer nesse estado imutável, pois fora ter entrado na faculdade, parece que estou no mesmo lugar que estava aos 15 anos de idade. Não evolui? Não cresci? Tem algo de errado comigo?

Uia tenso, mas parabéns pelo portugues, tudo muito bem escrito e explicado rsrsrsrs Além disso, parabéns pela consciência e conseguir enxergar que realmente tem alguma coisa errada com você! Na verdade nem sei falar se é errado, mas é algo diferente. Já pensou que você pode ser uma nerd? Olha o que a Wikipedia diz:

Nerd é um conceito sociológico moderno que por vezes é descrito como uma tribo urbana, muito embora possua características gerais mais imprecisas do que a maioria delas, e embora também não preceda à autoidentificação. Em termos gerais, o nerd é uma pessoa vista como excessivamente intelectual, obsessiva por assuntos que a maioria das pessoas não se interessa, e com falta de habilidades sociais fora do meio nerd. Tal pessoa pode gastar quantidades excessivas de tempo em atividades impopulares, pouco conhecidas ou não, que geralmente são altamente técnicas, abstratas ou relacionadas a tópicos de ficção ou fantasia, com exclusão de atividades mais comuns. Além disso, muitos chamados nerds são descritos como sendo tímidos, excêntricos, pedantes. Atualmente o termo nerd vem sendo usado por determinados grupos relacionados a interesses específicos como forma de se identificarem.

Como você diz, é uma viciada em séries em trocou sua vida “normal” por isso! Deixa eu te contar um caso? Conheço uma moça que era VICIADA em Lost, aquela série. mas viciada MESMO. Ela participava de grupos na internet para discutir a série e um belo dia ela encontrou um cara que era igual ela, participava também desses grupos e tinham os mesmos gostos. Preciso contar o final da historia? Eles se casaram e são felizes até hoje. Fora isso, acho que uma terapia iria bem, mas pense que talvez você só esteja frequentando a turma errada.

Chora 02 – Aracy

Olá Cony! Estou em um relacionamento há 2 anos, uma pessoa trabalhadora, educada, minha família o adora e eu o amo. Nos damos muito bem e somos felizes.  Mas… Ele mora em uma cidade bem pequena do interior e eu moro em uma cidade ao lado, só que muito maior. Por ele morar em uma cidade pequena ele tem ‘manias de gente que mora em cidade pequena’. Não tem o que fazer a noite? Eles vão pra praça, ficam sentados em algum barzinho (daqueles bem butequinho mesmo), os amigos se reúnem na calçada para conversar e etc… Isso me incomoda e muito! Todos os dias, seg-sexta ele tem a mesma rotina: chega do trabalho, toma banho, come alguma coisa, vai pro Bar, depois na casa de algum amigo e volta pra casa todos os dias depois das 23. Ele fica o tempo todo comigo no whatsapp mas mesmo assim me sinto no direito de ficar brava, nervosa e por vezes faço a doida. Conversamos inumeras vezes e expliquei que o problema não é ele sair em si, o problema é ele sair todos os dias e ainda voltar tarde. E o que ele diz? Que cidade pequena é assim, que eu quero prende-lo dentro de casa, que não tem motivo pro meu show porque ele não esta fazendo nada de mais e que a vida dele sempre foi essa e que eu tenho que entender que somos diferentes e moramos em lugares com ‘manias’ diferentes. Expliquei que ele pode sair, mas não todos os dias e ele não aceita! Ele disse que vai sair sim e não vai ficar preso dentro de casa. Eu chego do trabalho e quero minha casa, minha cama. Mas já que falar com ele não adiantou, resolvi agir. Todos os dias invento alguma coisa: digo pra ele que fui fazer caminhada, que vou ao shopping passear e vivo na casa de qualquer amiga, TUDO IMAGINÁRIO pois na verdade estou em casa vendo netflix.  A que ponto meu relacionamento chegou! Tenho que inventar coisas pro namorado entender que sair todos os dias não é legal! Ele está odiando a ideia e eu estou adorando que ele odeie rsrs… Estou muito errada?

Amiga, muda pra cidade dele então ou vai visitar ele duas vezes por semana pra ver se esta tudo ok! Tá errada tamanha desconfiança, tá errado inventar histórias para “dar o troco”, tá errado estar com uma pessoa que você não gosta da forma como ela vive! Você diz que é um cara trabalhador, educado, sua família ama ele, se dão bem, são felizes… Agora o cara gostar de ir pra PRACINHA todo dia depois do trabalho é errado só porque você não faz o mesmo na sua cidade?? Ou seja, se você fizesse o mesmo estaria tudo ok? Quem tem que entender que sair todos os dias não é legal é ele, se ele for mudar isso, será por ele. Ninguém muda por ninguém, e se mudar, a essência continua lá e um dia virá a tona. Deixa ele ser do jeito que ele é, e você se pergunte se vai aceitar ou não. Mudar os outros a força é ativar uma bomba relógio e pode por a perder muita coisa boa. E quanto mais você falar para ele não sair, MAIS ele vai querer sair. Pense se o que te incomoda são as saídas, até então, inofensivas dele ou se realmente você desconfia de algo mais e aí sim ter motivos reais pro seu show.

Chora 03 – Elke

Oi Cony, boa tarde td bem?

Serei mais uma a dizer que amo seu blog, você já me ajudou muito. Quando tive depressão pós-parto em 2013  li seu blog inteiro todas as matérias. Eu sempre escrevo meu choras e deleto.

Bom hoje decide ir até o final. Meu choras é de relacionamento. Fui casada há 10 anos não tive filhos, engravidei mas tive um aborto espontâneo. No final está relação foi bem tumultuada traição da parte do meu ex, roubo e o pior ao perder o meu bebe ouvi a seguinte frase: Enquanto você chorava no hospital, eu comemorava pq não queria você como mãe do meu filho. Nem precisa dizer que desci 1000 degrau entrei em depressão, emagreci horrores, descobri que tinha um problema de saúde e minha change de engravidar era 25%.  Sempre quis ter uma família, sempre quis ter filhos e isso doía muitooo.

Fui até o fundo do poço. Com apoio da minha família e amigos me reergui.  Depois de um tempo conheci alguns rapazes legais e outros não tão legais. Quando estava no MBA conheci um cara, ele parecia ser ótimo. Tranquilo, engraçado, perto dele a vida parecia leve.  Um belo dia transamos sem camisinha e engravidei. Só fui descobri com 8 semanas pq para mim estava apenas atrasada com os n’s exames, remédios que estava tomando.  Uma médica disse que não conseguiria segurar, mas um médico disse que o jogo só termina quando o juiz apita e naquele momento ele não tinha apitado.

Lutei, lutei muito aqui fora para ter meu filho e meu filho lutou muito na minha barriga para continuar lá juntos vencemos a batalha. Neste meio tempo fui morar com o pai do meu filho estava gravida. Com pouco tempo descobri a outra face dele: imaturo pediu demissão quando eu estava com 5 meses de gravidez e o cara engraçado se tornou uma cara estupido e arrogante.

Quando meu filho nasceu tive depressão pós-parto e ele tratava como frescura, começou a me agredir verbalmente. Me sentia um lixo de pessoa.  Com o passar do tempo se tornou agressivo. Uma vez quebrou o vidro da janela do meu apartamento (onde moramos) porque não queria que eu fosse comprar um inalador na farmácia para o meu filho que estava resfriado. Fiz BO, mas não fui adiante. Lembro que o policial me disse assim: Você escolheu ele para ter um filho não foi, então agora quer que a polícia resolva seu problema. Me senti sozinha e acuada.

Bem, o tempo passou novas cenas vieram e apreendi a lidar com estas situações. Ele não quebrou mais nada, mas as agressões verbais continuaram. Quando meu filho fez 1ano e 4 meses pedi para ele ir embora não aguentava mais. Só que fiquei com dó ele chorava no hall do elevador e meu filho na sala quando o pai ia embora. Pensei: Que mãe que eu sou.

Deixei ele voltar com a condição de fazer terapia. Ele arrumou um emprego fora de São Paulo e nunca fez. Neste meio tempo fiz ele fazer faculdade, que ele dizia ter, mas não tinha. Ele se desenvolveu muito profissionalmente hoje ganha muito bem.

Tivemos momentos felizes, mas o jeito que ele me trata e trata as pessoas que ele não gosta ou as pessoas que amo que não conheci direito (exemplo um garçom) não me agrada. Meus pais não gostam de irem na minha casa quando ele está lá. Infelizmente ele não trata meus pais com carinho. Meus pais são bem humildes e ele não gosta disso, gosta de status.

A gota d’agua que me fez escrever foi recente na festa do meu filho. Ele é um cara que sempre fala que meus planos não darão certo, não me incentiva e diz que sou feia. Eu me acho uma mulher bonita e interessante. Sou bem sucedida no meu trabalho e só não estou melhor financeiramente dividimos as contas comum do meu filho e de casa (alimentação, luz e etc) 50% para cada um sendo que ele ganha o dobro que eu ganho. Além disso ele mora na minha casa, mas eu pago o apartamento sozinha. Digo isso pq ele quis comprar um carro junto e vive jogando na minha cara que não tenho dinheiro para comprar. Eu pago a parcela do carro tb.

Bem, no aniversário do meu filho ele disse que eu estava feia (vou te mandar a foto para ouvir sua opinião), além disso nem se deu o trabalho de virar e comprimentar meus pais. Comprimento de lado, achei aquilo desrepeitoso pq eu trato a família dele com respeito. Eu achei que eu estava parecendo uma princesa e que meu pais e irmãos mereciam mais respeito. Eu morro de dó dos meus pais sabe. Quando ele me disse aquilo e eu vi meus pais tristes me senti muito mal pelos meus pais e por mim tb estar com alguém assim. Além disso ele quer criar nosso filho como que homem não chora, meu filho tem 5 anos e tem medo de dar qualquer opinião, por mais simples que apareça. Exemplo está frio. Ele não diz que está frio, ele simplesmente passa frio.

Ai quando cheguei em casa comecei a pensar se vale a pena continuar com alguém que não me admira?  Vale a pena ficar com alguém que não tem os mesmo valores? Vale a pena ficar com alguém que não cria o filho para ele poder escolher e disser o que pensa de foram a ser um ser humano bom? Vale a pena ficar com alguém que não trata meus pais bem? Só que quando penso no meu filho de não ter um pai por perto desisto? Devo tentar mais? Já se passaram 5 anos.

Não amiga, nao tente mais! Não perca mais tempo! Relacionamento totalmente abusivo! Ele já se mostrou violento, grosso, não é um bom exemplo para o seu filho, trata mal seus pais! Semana passada postei sobre o ciclo do relacionamento abusivo, e cabe hoje o mesmo recado. Um cara que te põe pra baixo, te critica, não te incentiva e te faz sentir uma inutil, NÃO É UM CARA BOM! Relacionamento NÃO É ASSIM, ISSO NÃO É NORMAL! Força! Não espere mais, não espere outro arranque de raiva dele, não permita mais ser humilhada, não permita que seu filho cresça com medos, com insegurança, NÃO PERMITA QUE ELE SEJA O MODELO DE HOMEM PARA SEU FILHO! Por favor, pense em você e no seu filho, vocês não merecem isso.

  • Tô triste. Pela primeira vez em 9 anos de blog me senti censurada e impossibilitada de ajudar uma pessoa. Minto, já teve um caso antes, mas o que eu iria publicar hoje me tocou muito mais. Um problema mais comum do que imaginamos, pesado, com alta carga emocional, psicológica, com muito julgamento da sociedade e que NÓS MULHERES temos que lidar, muitas vezes sozinhas, caladas, assustadas, sem apoio e na clandestinidade. Estou realmente triste e me sinto amarrada, pensarei em como ajudar de uma maneira que não me comprometa e nem comprometa a quem esta passando por isso. Obrigada a todas que me mandaram Direct no Instagram, vocês realmente são demais e me senti confortada. Me comprometo repassar esse conforto e esse abraço “virtual” a quem precisa.