Comportamento
Chora Que Eu Te Escuto
28 maio 2016, 65 comentários

Um Chora Que Não Deveria Existir JAMAIS

¨Esse é um desabafo dolorido. Depois das notícias sobre a menina estuprada por 30 no Rio, o embrulho no estômago não passava. Não passa, nunca. Então eu tinha que colocar pra fora todo esse sentimento, que já foi por tantos anos trabalhado em terapia, mas que nunca foi embora. E ler o meu relato, de alguma forma pode servir de exemplo para que outras mulheres, suas filhas, netas, nunca passem por isso.

Cresci numa família típica: mãe separada, duas filhas do primeiro casamento, eu a terceira de um caso que nunca se consumou em união pois meu pai era casado. Minha mãe foi por toda a minha vida a figura paterna e materna, meu pai era como um acessório, uma alegoria. Aparecia algumas vezes na semana, mas nunca foi a uma festinha dos pais na escola, um aniversário. Nenhum natal. Minha mãe sempre nutriu em nós o sentimento de auto-suficiência, de meter a cara e se virar sozinha, de não depender de homem nenhum, mas no fundo era extremamente carente e queria mesmo um homem pra chamar de seu. Era muito instável emocionalmente, tinha picos de depressão e tentou se matar por duas vezes (ou mais vezes, não sei).

Eu tinha 13 anos quando minha mãe já farta de insistir na história com meu pai, resolveu bater asas, fez amizade com um arquiteto que conheceu ao comprar um imóvel. Tinha a mesma idade que ela, e passou a frequentar a nossa casa. Era um cara do tipo “bon vivant”, vivia viajando, era gringo, colecionava mulheres e filhos, bebia todo dia, e naquela casa cheia de mulher se sentiu no paraíso. Eu chegava a ir com minha mãe pro mercado só pra comprar a bebida preferida dele. E aquela casa carente, sem nenhuma referencia masculina, gostar da presença daquele homem foi fácil. Saíamos todos os fins de semana com ele, churrascos na casa dele, conhecíamos todos os seus amigos, altas bebedeiras, bares pela madrugada… E eu, uma menina de 13 anos, ia junto! Minha mãe não enxergava o perigo, de tão sedenta por atenção que ela estava, minhas irmãs já eram adultas, eu aquela caçula com ótimas notas, que nunca aprontou, não dava trabalho nenhum…

Eu na minha inocência achava o máximo ser tratada como adulta. Poder frequentar ambientes adultos, ir a festas, varar a noite com gente tomando todas, e até arriscava os meus goles sem nenhuma reprimenda.

Juro que não notava um olhar diferente, achava mesmo que era o jeito daquele homem, todo latino, de dançar com a gente todo arrochado, que era normal. E se minha mãe permitia, é porque tava tudo bem, não é mesmo?

Até que um dia, num dos almoços na casa dele, minha família toda lá, eu estava num sofá deitada, ele veio e deitou comigo. Começou a se roçar em mim de um jeito estranho e terminou por me beijar. Um beijo de língua. Eu fiquei petrificada, sem saber se fugia, se aceitava. Eu o tinha como figura paternal, sabia como a minha mãe era caidinha por ele, minha irmã também já estava encantada, mas eu? Aí ele veio com a célebre frase: “Não conte pra ninguém, esse é o nosso segredo”.

Eu não contei. 

Os dias foram passando, o assédio ficou mais claro. Ele ligava com frequência pra minha casa quando sabia que minha mãe não estava, me chamava pra almoçar, eu mentia pra minha irmã, dizia que ia ver uma amiga e saía. Ele se declarava, dizia que comigo se sentia um adolescente, que eu era o amor da vida dele, a menina mais linda do mundo. Um dia tentou ter sexo comigo num estacionamento, mas percebeu pelo meu pânico que eu era virgem e então insistiu para que eu criasse uma festa imaginaria para ir e podermos ter uma noite especial. Eu não sabia o que fazer, fiquei com medo, minha irmã tinha engravidado na adolescência, mas o assédio dele era tão convincente pra mim, uma menina sem nenhuma atenção e cuidado da minha família, que aceitei. Menti que ia para uma festa de quinze anos, fui ao salão, fiz cabelo, pedi pra minha irmã me maquiar. Entrei no carro dele escondido na esquina e o resto vocês já imaginam. Bebi algumas coisas fortes na casa dele, não sei o que eram, talvez aguardente. Fui deflorada. Não houve violência. Não me lembro. Não senti dor. Não guardei na memória aquela primeira vez com o primeiro namoradinho sério. Guardei foi a cicatriz profunda do que veio depois.

Após o acontecido, o cara começou a sumir, não visitava a nossa casa com tanta frequência, mas sempre que o fazia não perdia a chance de me cercar, de meter a mão em mim, de me tratar como o objeto dele. Eu estava envolvida e confusa, e achava que era assim mesmo, nunca havia conversado sobre sexo ou primeira vez com nenhuma amiga na escola. Comecei a ir mal, minhas notas caíram, mas ninguém percebia nada, até que minha irmã mais velha percebeu algo estranho. Um dia minha mãe deu uma incerta e descobriu que eu saía para encontrá-lo às escondidas. Fez um escândalo comigo, me pressionou até eu confessar. Eu não consegui mentir por muito tempo, ainda mais pra minha mãe. Acreditei que no momento que falasse a verdade, ela iria me ajudar a sair daquilo e me defender. Ela fez justamente o contrário. Fui chamada por ela e por uma das minhas irmãs (que nunca foi muito envolvida naquele grupo, pois tinha namorado) de todos os nomes possíveis. Toda a minha família, amigos, foram informados do ocorrido, eu no papel de vilã, a filha vagabunda que resolveu dar pra homem mais velho. Minha mãe a vítima. Fui humilhada na escola, minha mãe chamou todas as minhas amigas para dizer que tinham que deixar de andar comigo porque eu não prestava, era puta. Passava pelos corredores da escola de freiras, todos a olhar pra mim. Fui exposta em exame de corpo de delito numa delegacia suja, um “médico” sem nem usar luvas a examinar minha vagina para ver se era ou não virgem. Fui entrevistada por uma delegada na delegacia de mulheres que ria, ao dizer “tenho filha da tua idade, sei das safadezas que vocês fazem, não venha dando uma de inocente pra mim não, tu é muito espertinha”, quando eu disse não lembrar como foi o defloramento. 

Como eu era menor, a lei admite a denúncia por estupro, por presunção de violência, e sedução de menores. Um processo foi instaurado, porém nunca deu em nada. Ele nunca foi preso, punido por nada. Me lembro que durante a investigação as agentes de polícia me diziam mil coisas, que o cara seria enquadrado, que já havia feito o mesmo com outras meninas, depois vi que era tudo um fantasia, histeria coletiva pra me torturar ainda mais. Mudei de cidade, comecei a cursar direito, mas o fantasma do passado me acompanhava. Minha mãe me “perdoou” na saúde, bastava uma discussão pra tudo vir à tona. Trouxe daquele tempo um namorado que era um dos melhores amigos do cara, ficou com ele muitos anos, nunca me ouviu e tirava a minha razão para dar a ele, que ia e vinha da nossa casa, sempre a enganar minha mãe. Até que um dia eu tive que sair de casa, pois ele deu um ultimato pois não me suportava por perto a tentar proteger a minha mãe.

Hoje sou casada e tenho duas filhas, ainda uma relação difícil com minha mãe, que já está velhinha e precisa de cuidados, mas vive longe de mim, que moro em outro país. Fiz muitos anos de terapia e retomei com a mesma profissional do início. Ela tem me ajudado muito a me ancorar, me valorizar e ter um bom relacionamento com minha família. Não guardo mágoas da minha irmã, mãe, ou quem me julgou e me abandonou quando precisei, pois minha natureza nunca foi de dar o troco. Apurei muito o meu senso de justiça, a faculdade de direito me curou nesse sentido. Aquele homem nunca foi punido, mas eu sim. Fui condenada pela minha inocência, por acreditar no papo de alguém que queria se aproveitar de mim. Fui violentada pelos olhares de reprovação, por cada xingamento que ouvi ao longo desses anos pelo que se passou. Aceitei meu papel de vítima depois de muitos anos após o ocorrido, mas nunca me vitimizei. Tenho os olhos nas costas e protejo as minhas filhas como leoa. Com elas isso nunca irá acontecer. Se depender de nós, o respeito e a compreensão, o amor sempre falará mais alto aqui em casa.

Milhares de pessoas julgaram a menina estuprada do Rio. Outros tantos partilharam vídeos e fotos. Como se fosse algo do cotidiano, pra passar batido. Mas não é. A cultura do estupro só acabará com educação, com apoio, com empatia. Hoje em dia é muito fácil xingar aquela menina que vai pra balada de vestido curto de piriguete, tá dando mole, fácil. É muito fácil ter um amigo pegador, é normal levar dedada no cu no carnaval, mas não é. É divertido fazer piada de Fabíola na manicure no whatsapp, mas não tem graça nenhuma. É corriqueiro acobertar o amigo que trai a namorada, ou que forçou uma transa com a tal piriguete da balada. Ignorar as crianças viciadas de 8, 9 anos vendendo sexo por um prato de comida ou uma pedra de crack nas ruas das grandes cidades. Faz parte da vida não fiscalizar as redes sociais das filhas pequenas e adolescentes, porque você própria não consegue administrar a sua própria vida. Não, não é. Não é normal, não é corriqueiro, não faz parte da vida. Todas nós somos vítimas, mas podemos ser agressoras também. Todos nós somos cúmplices se continuarmos a fechar os olhos pra desumanização, pro barbarismo nas sociedades.¨

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* Relato enviado ontem por uma leitora. Nada mais para o momento, onde atrocidades como a relatada acima acontecem todos os dias, em todos os níveis sociais, em todos os lugares. 

Moda
Fashion News
28 maio 2016, 23 comentários

New Balance, Apenas PARE!

Vi essa notícia e fiquei maravilhada com os novos modelos da New Balance.

Na verdade trata se de uma mini coleção com 3 modelos femininos que se chama Grey Label Collection.

Ah mas só vai ter na gringa??

NÃAAAAAAAO! Eis onde mora o perigo! Essa coleção será lançada aqui no Brasil também! A assessoria só esqueceu de avisar quando, onde e quanto… Mas isso a gente dá um jeito de descobrir né?

Bom, são três modelos da linha lifestyle, vintagezinhos do jeito que a gente ama e todos tem cinza como a cor predominante. São 50 tons de cinza pra mulherada MEXXXXXMOOOO hahaha.

Vem ver e escolher o seu:

LATERAL

NB 620 Grey. Vejo verde, mas tudo bem.

LATERAL

NB 530 Grey

LATERAL

NB 696 Grey

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  • Qual desejei??? O NB 696 Grey, branquinho com cinza! Lindo demais!!!! E vocês, curtiram algum?